Ex-presidente e hoje um dos principais líderes religiosos do Irã, Mohammad Khatami definiu as tentativas dos Estados Unidos de impor um estilo ocidental de democracia no Oriente Médio como uma "grande piada". Segundo Khatami, a democracia não pode ser simplesmente exportada para uma parte do mundo com cultura e condições diferentes. Khatami está visitando Londres. Em uma entrevista à TV Britânica BBC, ele criticou as campanhas militares norte-americanas no Afeganistão e no Iraque, dizendo que a estratégia não só não conseguiu acabar com o terrorismo, como ajudou a gerar mais apoio a determinados grupos, como a Al-Qaeda.
Khatami também pediu que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha deixem o Iraque em um esforço para reduzir a violência. Khatami, a mais importante figura política iraniana a visitar a Grã-Bretanha desde 1979, foi presidente de 1997 a 2005 e era considerado um líder reformista.
Democracia exportada
Em uma palestra na Chatham House, uma instituição que promove o debate sobre política externa, Khatami disse que o Irã apóia esforços para construir governos fortes no Iraque e no Afeganistão. Mas afirmou que os países vizinhos deveriam ser os responsáveis por resolver problemas de segurança e que "forças estrangeiras estranhas" deveriam deixar a região o mais rápido possível.
- Isso foi uma idéia terrível. Você sabe, os (norte-)americanos estão sofrendo. E você verá o resultado deste erro nas eleições (dos EUA) - avaliou.
Khatami afirmou que a idéia de que uma democracia em estilo ocidental posso ser "exportada" ao Oriente Médio é falha desde o princípio.
- É uma grande piada. A maior piada que o presidente Bush já contou, que ele gostaria de exportar democracia ao Oriente Médio. Democracia não é uma coisa que possa ser exportada - disse.
Protestos
Durante os seus mandatos Khatami era considerado um líder reformista cujo programa de governo nem sempre tinha o apoio dos clérigos do Conselho Guardião. Khatami agora afirma que pretende combater o extremismo onde quer que seja e quer derrubar barreiras entre as grandes religiões e as civilizações do Ocidente e do Oriente. Ele condenou o que chamou de "terrorismo insurgente" no Iraque, mas também chamou a administração Bush de extremista.
Durante a palestra, Khatami fez um apelo para que britânicos muçulmanos obedeçam as leis da Grã-Bretanha, dizendo que eles são "britânicos primeiro" e não têm obrigações religiosas de usar véus ou lenços. A visita de Khatami à Grã-Bretanha também gerou protestos. Ele foi obrigado a entrar na Chatham House pela porta dos lados para evitar centenas de manifestantes.