As evidências encontradas no celular de Mauro Cid foram obtidas com a ajuda de uma tecnologia israelense de alta precisão, capaz de desbloquear e decifrar camadas de segurança avançadas.
Por Redação – de Brasília
A Polícia Federal (PF) ampliou as evidências no caso do golpe de Estado frustrado no 8 de Janeiro após análise mais detalhada dos dados armazenados no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL). Utilizando um dispositivo eletrônico fabricado em Israel, a PF acessou arquivos que estavam protegidos por criptografia, no aparelho telefônico, e obteve informações que aprofundam as suspeitas sobre o envolvimento de Bolsonaro e Mauro Cid na trama golpista.
As evidências encontradas no celular de Mauro Cid foram obtidas com a ajuda de uma tecnologia israelense de alta precisão, capaz de desbloquear e decifrar camadas de segurança avançadas. Especialistas da PF acreditam que essas evidências podem fornecer provas robustas para fortalecer o inquérito em curso, no Supremo Tribunal Federal (STF).
As investigação encontram-se em fase de consolidação das provas contra os envolvidos ativamente do planejamento do golpe. Fontes da PF confirmaram ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo que o conteúdo encontrado revela conversas detalhadas sobre o possível direcionamento das ações antidemocráticas e a articulação de estratégias que visavam minar a estabilidade institucional do país.
‘Um poste’
Apesar das evidências cada vez mais fortalecidas quanto à possível liderança de Bolsonaro no golpe fracassado, o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, mantém a intenção de lançar o ex-presidente como candidato à Presidência, em 2026, mesmo com as barreiras legais que impedem a candidatura do líder da extrema direita.
Costa Neto afirmou a jornalistas, na véspera, que caso Bolsonaro seja preso, ainda assim ele iria “eleger até um poste” para o mais alto cargo do país.
— Nosso plano é Bolsonaro de qualquer jeito — insistiu.
‘Passeio’
Segundo o político, o partido acredita que Bolsonaro reverterá a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o declarou inelegível até 2030 devido a abuso de poder político em ataques contra as urnas eletrônicas. Costa Neto sugeriu que uma possível prisão do ex-presidente poderia torná-lo uma figura de martírio, fortalecendo ainda mais seu apelo junto à base eleitoral. “Se o prenderem, a eleição será um passeio para nós”, afirmou.
— Se prenderem o Bolsonaro, ele elege um poste para presidente da República. Como aconteceu já no passado. Não que a Dilma seja poste, não quero ofendê-la, porque gosto dela como pessoa. Mas o Lula elegeu a Dilma. Nós temos exemplos desses no Brasil. O (Paulo) Maluf, em São Paulo, elegeu o (Celso) Pitta — lembrou.
Bolsonaro, que perdeu seus direitos políticos em 2023 após decisão do TSE, continua a negar irregularidades e, em resposta à inelegibilidade, declarou que atuará como “cabo eleitoral de luxo” nas próximas campanhas.