Rio de Janeiro, 10 de Novembro de 2024

Mortes de jornalistas em 2005 registra recorde de 10 anos

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Quarta, 04 de Janeiro de 2006 às 09:01, por: CdB

Pelo menos 63 jornalistas foram mortos no mundo em 2005, o índice mais alto em mais de uma década, disse nesta quarta-feira o grupo Repórteres sem Fronteiras (RSF). O Iraque voltou a ter o maior número de casos. Em seu relatório anual, o RSF afirmou que 24 jornalistas foram mortos no Iraque em 2005. O total no mundo foi o mais alto desde 1995 e ficou acima dos 53 de 2004.  "Pelo terceiro ano consecutivo, o Iraque foi o país mais perigoso do mundo para a mídia", disse o grupo, que tem sede em Paris. "Ataques terroristas e ataques da guerrilha iraquiana foram as principais causas, mas o Exército dos Estados Unidos matou três."

O grupo disse que 76 jornalistas e assistentes de mídia foram mortos no Iraque desde o começo do atual conflito no país, um número maior que na Guerra do Vietnã (1955-1975). Cinco pessoas que trabalhavam para a Reuters no Iraque foram mortas desde o início da invasão dos EUA, em março de 2003. Quatro deles foram mortos por forças dos EUA e um em um acidente de carro. No Brasil, o jornalista José Cândido Amorim Pinto, da Rádio Comunitária Alternativa, foi assassinado em julho de 2005 quando chegava ao trabalho, em Carpina, em Pernambuco. Ele foi ameaçado diversas vezes por suas denúncias sobre casos de corrupção.

Uma pesquisa separada, feita pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas, de Nova York e divulgada na terça-feira, apontou que 47 jornalistas foram mortos no mundo no último ano, incluindo 22 no Iraque. O grupo disse que houve queda em relação às 57 mortes de 2004. Organizações diferentes às vezes apresentam números distintos de mortes na mídia devido, em parte, aos critérios de classificação de quem é considerado jornalista.


O relatório do RSF afirma que depois do Iraque, as Filipinas tiveram a taxa mais alta de 2005, com sete jornalistas mortos. "Os inimigos não são mais grupos armados, mas sim políticos, empresários e traficantes de drogas dispostos a silenciar jornalistas que expuseram seus crimes", disse o RSF. O Líbano foi abalado pelas mortes de dois jornalistas importantes, Samir Kassir e Gebran Tueni. Um terceiro repórter, May Chidiac, sobreviveu a um ataque com bomba contra o seu carro, segundo o relatório.

A violência contra jornalistas também cresceu na África, principalmente na República Democrática do Congo, em Serra Leoa e na Somália. A investigação da morte de um jornalista em Gâmbia foi obstruída pelas autoridades. A censura cresceu muito no ano passado, de acordo com o relatório. Mais da metade dos 1.006 casos de censura ocorreu no Nepal, onde foi declarado estado de emergência em fevereiro, quando o rei Gyanendra dissolveu o governo e assumiu o poder.

Na China, a BBC, a Sound of Hope e a Rádio Ásia Livre estiveram entre as emissoras de rádio que sofreram intervenção do governo. "Editores de mídia e de sites receberam uma lista quase diária do departamento de propaganda do governo com tópicos a serem evitados", afirma o relatório. A China liderou a lista de jornalistas presos e está entre os 15 países com a censura de Internet mais dura. Tunísia e Irã foram citados devido a práticas rígidas de vigilância de Internet.

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Edições digital e impressa
 
 

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