A presidente interina da Geórgia, Nino Burdzhanadze, pediu uma transição pacífica de poder e chamou seu povo "de volta ao trabalho".
Ela explicou que as funções presidenciais passaram para ela, de acordo com a Constituição, até que novas eleições aconteçam, em 45 dias.
As eleições parlamentares de 2 de novembro serão anuladas. Acredita-se que elas foram fraudadas, e o antigo Parlamento permanecerá no cargo.
"Temos atravessado a crise mais grave na história recente da Geórgia sem derramar uma única gota de sangue", disse, em seu primeiro pronunciamento em cadeia nacional de televisão após a renúncia de Eduard Shevardnadze.
Ela ainda disse que o país manterá uma posição pró-ocidente, depois da renúncia de Eduard Shevardnadze.
As declarações foram feitas ao mesmo tempo em que o Departamento de Estado dos EUA informou que o secretário Colin Powell ligou para a presidente para oferecer o apoio do país.
O ex-presidente deixou o cargo depois que protestantes de oposição invadiram o Parlamento com alegações de fraude nas últimas eleições.
Burdzhanadze, que é porta-voz parlamentar e líder da oposição, elogiou a atuação da polícia e do exército por "permanecerem ao lado do povo, nessa hora mais difícil".
Esperança
"O país precisa voltar ao seu ritmo de vida normal", ela disse, pedindo que a forças de segurança voltem aos seus postos.
Determinando o fim da campanha de desobediência civil, ela afirmou que o país deve trabalhar agora para estreitar os laços com seus vizinhos, e o "grande estado da Rússia".
"Hoje provamos que permanecendo unidos, podemos conquistar a vitória e atingir sucessos inimagináveis."
Apoio popular
"Podemos fazer o mesmo amanhã, e construir o país que nós todos merecemos."
Enquanto ela fazia o pronunciamento, ruidosas celebrações tomavam conta das ruas da capital, Triblisi.
"Me sinto feliz e poderoso", um manifestante falou à BBC.
"Fizemos o que queríamos, esta é nossa liberdade", disse outro.
Sem sangue
A crise política na Geórgia chegou ao seu auge no sábado, quando líderes de oposição tomaram o parlamento. O presidente Shevardnadze declarou, à princípio, estado de emergência.
Ele recusou-se a entregar o poder, mas após conversações com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Igor Ivanov, no domingo, ele mudou de idéia e deu fim a seus dez anos de governo.
- Nunca traí meu povo e declaro agora que, é provavelmente melhor o presidente renunciar, assim isso pode terminar pacificamente, sem derramamento de sangue e sem casualidades - disse ele.
O correspondente da BBC na capital Triblisi, Chloe Arnold, disse que a falta de apoio do Exército foi fundamental para a queda do presidente.
Cautela
Os Estados Unidos saudaram o novo governo, mas afirmaram, com cautela, que a transição de poder deve permanecer constitucional.
Em declaração oficial, o secretário de Estado americano, Colin Powell, disse que ele espera trabalhar em conjunto com Burdzhanadze, nos " seus esforços para manter a integridade da democracia da Geórgia, garantindo que a mudança de governo siga a Constituição."
"Os Estados Unidos e a comunidade internacional permanecem prontos para apoiar o novo governo em conduzir novas eleições parlamentares livres e justas."
O analista regional Tom de Waal, disse que a renúncia de Shevardnadze marca o final de uma crise imediata, mas alerta para novos problemas.
- Estamos vendo um grupo de políticos inexperientes chegando ao poder, em uma onda de euforia, mas eles nunca foram testados - ele disse.