A semana que passou foi dominada pelos furacões. No Brasil e nos EUA. E por silêncios. Muitos falaram sobre o silêncio dos intelectuais próximos ao PT. Mas muito pouco se fala sobre o silêncio de duas décadas, em que se louvou a globalização conservadora.
A semana que passou foi dominada pelos furacões. Na costa sul-brasileira, o menos agressivo. Era um ciclone extra-tropical. Em Brasília, o furacão Roberto Jefferson entrou pelo processo de cassação: está engarrafado, embora prometa novos estouros e denúncias ao se despedir. Junto com ele, mais 17 parlamentares aproximam-se da vala incomum das cassações. É de estranhar que o senador Eduardo Azeredo não esteja na lista (como aponta editorial da Folha de São Paulo). Parece que no caso dele a desculpa de que "era só um caixa dois" funciona, como também a de que "não sabia de nada". Estranhos pesos, estranhas medidas.
No PT, a tempestade José Dirceu e outros envolvidos prossegue causando danos ao Campo Majoritário e ao partido. O deputado alega que sair da chapa equivaleria a uma confissão. Mas há também que desvincular uma coisa de outra. O processo no Congresso é de decoro parlamentar e pode ter conseqüências penais, como a cassação de mandato, além de outras. O processo no partido é político, e a questão é a de que a linha imposta pelo Campo Majoritário ao partido e pelo núcleo duro ao próprio Campo revelou-se um desastre tal que pode comprometer o futuro da esquerda por uma geração. E o Campo está esfrangalhado: se vencer no estado em que está, corre o risco de transformar o PT num PFL ao centro, ou mesmo à centro-esquerda, um partido de cacicatos regionalizados, ou quem sabe num PSDB com laivos de populismo.
Na disputa interna ao PT houve acenos - a confirmar - que os irmãos Tatto e seu grupo, que dominam o PT de São Paulo há muito tempo, poderiam apoiar a candidatura de Valter Pomar. Isso pode lhe conseguir votos, mas, em se concretizando, não é bom sinal para sua candidatura, que pode navegar em direção a grupos cristalizados na direção partidária que formaram "campos majoritários" em seus domínios. Plínio de Arruda Sampaio continua em dúvida sobre se sai ou não do partido depois do resultado da eleição do Diretório Nacional: também não é bom sinal. Está certo que deve-se observar a lisura do pleito que se decide agora em setembro; mas ao se entrar numa luta pela reconstrução ou refundação do PT é necessário ter uma visão de longo prazo, não apenas de um único pleito.
Neste sentido as candidaturas de Raul Pont e de Maria do Rosário têm um perfil de busca de alianças mais definido, cada uma partindo de pontos de vista e de uma história no partido que lhes é própria. Têm o desafio de crescer se apresentando claramente como candidaturas que vão além do compromisso com uma facção do partido, por melhor que esta seja. A candidatura de Marcos Sokol atende a um nicho específico dentro do partido e nele se mantém circunscrita até o momento. A de Gegê, para mim, é um mistério.
É sabido, e não vou ocultar aqui, que apóio a candidatura de Raul Pont, mas que também não desconsidero as outras que queiram reabrir o futuro para o Partido dos Trabalhadores. Mas acho que o que estou escrevendo neste momento é uma análise que merece consideração por todos os envolvidos; não é uma manifestação tendenciosa.
Em outras plagas prosseguem os anúncios mais ou menos claros de que há parlamentares e grupos que planejam deixar o PT. É difícil citar nomes, exatamente porque muitos (a exceção até o momento foi o do senador Cristóvam Buarque, que já anunciou seu desembarque, embora não tenha ainda anunciado onde vai embarcar). Aqui sim, cabe a expressão: "que se vayan todos!". Quem quiser desembarcar, por favor, é a hora, não se avexe nem se acanhe. É preferível lutar com um punhado de bravos do que com gente cujo pensamento, na verdade está em outras partes. O Brasil é grande, e nele, como se sabe, em se plantando dá. Então, que vão plantar em outras ro