O papa João Paulo II deu início nesta segunda-feira a um processo para transformar em santo o cardeal Clemens August von Galen, um prelado alemão do tempo da Segunda Guerra Mundial que criticou abertamente os nazistas.
Um comunicado do Vaticano disse que o papa havia aprovado um decreto reconhecendo formalmente um milagre atribuído a Von Galen, abrindo assim o caminho para sua beatificação em 2005. A beatificação é o último passo antes da canonização.
Von Galen tornou-se bispo de Muenster pouco depois de Adolf Hitler ter assumido o poder, em 1933, e atacou a ideologia racista do nazismo em um sermão realizado no ano seguinte.
Chamado de o "Leão de Muenster" devido a seus sermões inflamados, Von Galen ficou mais conhecido na Alemanha e no exterior por denunciar as políticas nazistas, especialmente a política de eutanásia que já havia matado quase 100 mil alemães deficientes.
O religioso, porém, nunca fez menção ao assassinato muito mais numero de judeus pelo regime nazista. Os historiadores afirmam que o passado aristocrático e o patriotismo de Von Galen o levaram, provavelmente, a ignorar o Holocausto. João Paulo II , 84, beatificou mais de 1.330 católicos em seus 25 anos como papa e criou mais santos que qualquer outro líder católico.
Von Galen, que morreu em 1946, teria curado milagrosamente um estudante que havia rezado para ele em 1995.
Apesar de a Igreja Católica alemã quase não ter resistido a Hitler, os poucos clérigos que o fizeram --como Bernhard Lichtenberg, que orou pelos judeus abertamente em Berlim e morreu em um campo de concentração - foram tomados como modelos sagrados pelo atual papa.
Entre as outras 11 pessoas para as quais também foi aberto na segunda-feira o caminho da canonização está Charles de Foucauld, um padre francês que morreu em 1916 e que trabalhou em países islâmicos do norte da África.