O secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, Ricardo Kotscho, divulgou carta enviada ao editor do jornal americano The New York Times. No texto, ele pede esclarecimentos sobre informações constantes de matéria de seu correspondente no Brasil, Larry Rohter, sobre a criação do Conselho Federal de Jornalismo. A matéria foi publicada na edição desta segunda-feira no NYT.
Kotscho esclareceu que, ao contrário do que a matéria diz, a idéia de criar o conselho não partiu do presidente. Ele explicou que se trata de um projeto elaborado pelo Ministério do Trabalho, em conjunto com representantes da Federação Nacional dos Jornalistas e sindicatos da categoria. De acordo com o secretário, a criação do conselho foi solicitada ao presidente Lula durante audiência pública, em abril.
- A matéria não só deixa de informar ao leitor do NYT sobre quais foram os verdadeiros proponentes do projeto, como nem sequer menciona a existência da Federação Nacional dos Jornalistas, além de não ouvir nenhum dirigente da entidade - disse Kotscho na carta ao editor.
Segundo Kotscho, o correspondente do jornal limitou-se a reproduzir declarações de pessoas que se opõem ao projeto, já publicadas anteriormente pela imprensa.
Em outro trecho da matéria, Rohter menciona a criação de um "código de ética" proibindo funcionários públicos de falar com a imprensa sobre investigações oficiais.
- A proposta relativa ao aprimoramento do combate à lavagem de dinheiro ainda está em discussões internas no governo, sem que haja uma posição final ou mesmo um anteprojeto para o Congresso Nacional - esclareceu Kotscho.
O jornalista Larry Rohter teve seu visto cancelado pelo governo brasileiro, em 11 de maio, após publicação de matéria sobre um suposto envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com bebidas alcoólicas. O governo considerou a reportagem leviana, mentirosa e ofensiva à honra do presidente, com grave prejuízo à imagem do país no exterior.
No dia 14, o governo reconsiderou a decisão diante das explicações de Rohter, que alegou não ter tido intenção de ofender a honra do presidente, além de ter grande afeto pelo Brasil e respeito pelas instituições democráticas brasileiras.
Na ocasião, Larry Rohter lamentou os constrangimentos causados em razão das repercussões e polêmicas posteriores à reportagem. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse a Lula, na época, antes de rever a decisão, que as explicações do correspondente eram, "juridicamente,
uma retratação consistente".