Rio de Janeiro, 07 de Dezembro de 2024

Polícia deve ter dificuldades na busca de assassinos de freira

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Quinta, 17 de Fevereiro de 2005 às 18:53, por: CdB

A polícia ainda não conseguiu encontrar os suspeitos de terem assassinado a freira norte-americana Dorothy Stang em Anapu, no Pará, e as autoridades estão pessimistas em relação a qualquer prisão iminente, apesar de o governo ter lançado a maior operação de buscas já feita na floresta.

A polícia do Pará-- que enfrenta o desafio de cobrir uma área que é duas vezes maior que a França e onde as estradas se transformaram em pântanos por causas das chuvas-- tem poucas pistas dos suspeitos pela morte da missionária naturalizada brasileira de 73 anos, ocorrida no sábado.

Os dois pistoleiros e os dois proprietários de terras suspeitos pelo crime podem ter fugido por caminhos do meio da mata ou até mesmo ter usado um avião de pequeno porte, segundo investigadores, que desconfiam que o grupo já pode estar a centenas de quilômetros da região.

"A floresta está contra a gente, uma pessoa tem muito mais facilidade em se deslocar do que um grupo de policias", disse o superintendente da Polícia Federal, José Salles, que está coordenando mais de 100 policiais na busca pelos assassinos. "Nós ainda não temos nenhuma pista concreta sobre onde essas pessoas estão."

A morte de Dorothy, em um local próximo ao município de Anapu, a 400 km ao sul de Belém, desencadeou uma reação internacional para que se ponha um fim nos conflitos violentos rurais no Pará.

Durante décadas, a freira defendeu agricultores assentados no Estado que disputavam áreas da Floresta Amazônica com fazendeiros e madeireiros.

Poucas pessoas na região já foram punidas por crimes contra trabalhadores rurais ou agricultores pobres.

O governo federal enviou ao Pará equipes da Polícia Federal e 2 mil soldados treinados para atuar na selva para ajudar a impor a lei e a ordem e achar os assassinos.

Helicópteros e aviões do Exército aterrissaram em Anapu na quinta-feira, mas a polícia teme que eles tenham chegado tarde demais.

O Pará tem os piores índices do Brasil de violência rural, de casos de escravidão e de corte ilegal de madeira.

O governo é acusado por movimentos sociais de omissão pois Dorothy já havia alertado sobre as ameaças de morte que os agricultores sofriam na região da rodovia Transamazônica.

Só nos últimos cinco dias, pistoleiros mataram três trabalhadores rurais no Pará.

Em mais uma resposta à onda de violência na área, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na noite desta quinta-feira um pacote de oito medidas ambientais para a região que inclui entre outras coisas a criação de duas áreas de preservação no Estado.

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