Tanto na base aliada quanto na oposição, parlamentares concordam que o governo perdeu o momento. Até na opinião do deputado Onyx Lorenzoni (DEM/RS); o destino da reforma da Previdência já está selado.
Por Redação, com RBA - de Brasília e São Paulo
O adiamento da votação da reforma da Previdência para 2018 enterrou qualquer possibilidade da aprovação de uma reforma da Previdência. Caberá ao novo presidente da República, eleito em outubro do ano que vem, retomar a agenda, caso julgue necessário. Esta é a opinião de deputados ouvidos pela revista eletrônica Rede Brasil Atual (RBA), nas últimas 48 horas.
— Agora eles estão só discutindo sobre quem sai desse processo menos derrotado e mais derrotado. Desde a instalação da Comissão Especial, dissemos que não deixaríamos a matéria ser votada em 2017. Não só pelos equívocos deles como pelas denúncias contra Temer, conseguimos também essa vitória (do adiamento). E em 2018 é pior ainda para eles, porque quanto mais se aproxima da eleição, a cada dia fica pior o cenário para a votação e aprovação dessa matéria — disse o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG).
Para Silvio Costa (Avante/PE), a enorme dificuldade do governo em conseguir fazer a proposta passar no Congresso começou mesmo antes da batalha pela aprovação da PEC da Previdência.
— O primeiro problema do governo Temer em relação à reforma da Previdência é a questão da legitimidade dele. Tanto como cidadão, como presidente. Como cidadão, ele se aposentou aos 55 anos e ganha R$ 30 mil por mês — afirmou.
Frente parlamentar
Também na opinião de Onyx Lorenzoni (DEM/RS), o destino da reforma da Previdência já está selado.
— Acabou. O governo não tem voto, a proposta é ruim, a sociedade não quer saber. Só não acabou o governo porque o Temer sobreviveu às duas denúncias — cravou.
Embora o partido do parlamentar seja da base governista; de sua bancada de 30 deputados, sete votaram contra Temer na segunda denúncia. Três não votaram, incluindo Rodrigo Maia, por ser presidente da Câmara).
Lorenzoni é coordenador da Frente Parlamentar Independente, formada por 108 deputados federais que não se alinham nem a Michel Temer, nem ao PT. Ele afirma que a PEC “é ruim, mal feita; de perfil fiscal e medíocre, assim como é medíocre seu propositor, que se chama Henrique Meirelles”.
Otimismo
Mesmo com o cenário político muito desfavorável à reforma, o titular do Ministério da Fazenda se mantém irredutível e afirmou na quinta-feira que a proposta não está aberta a negociações ou concessões.
— A princípio não está reaberta (a negociação). Nossa ideia de fato é não reabrir negociações. Esse é um acordo geral, mas temos de respeitar a soberania do Congresso — afirmou Meirelles.
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, por sua vez, mantém o discurso do otimismo.
— Eu tenho convicção de que, quando essa votação começar, no dia 19, nós teremos 320, 330 votos — concluiu.