A palestra foi coordenada por Jean-Jacques Kourliandsky, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégias (IRIS-Paris)
Por Marilza de Melo Foucher - de Paris
Na Fundação Jean Jaurès, na noite desta quarta-feira, houve uma palestra realizada pelos advogados de Lula. O público ouviu a drª Valeska Zanin Martins, advogada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil e o dr. Geoffrey Robertson, defensor de Lula perante o Alto Comissariado da ONU de Direitos Humanos. O dr. Geoffrey Robertson é australiano, vive e atua profissionalmente em Londres. Trata-se de um brilhante advogado que luta pela garantia dos direitos humanos nas cortes internacionais. Ele é também o advogado de Julian Assange.
A palestra foi coordenada por Jean-Jacques Kourliandsky, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégias (IRIS-Paris). Ele é também responsável pelo Observatório da América Latina na Fundação Jaurès. Esta palestra contou com a participação do grupo do Partido dos Trabalhadores em Paris.
Os dois advogados traçaram um panorama geral sobre o funcionamento do poder judiciário, sua tradição histórica Ibérica e, o retorno de uma concepção de justiça inquisitiva. Ou seja, o juiz que instrui e conduz a investigação sobre as atividades do acusado é o mesmo juiz julga o caso. Segundo o dr. Geoffrey, essa pratica leva a uma situação em que, potencialmente, o réu passa a ser condenado de antemão, impedindo que ele seja julgado por um juiz independente.
Defesa de Lula
Em seguida, a advogada Zanin Martins explicou como o Poder Judiciário e os meios de comunicação, no Brasil, agem conjuntamente na perseguição política de Lula. Trata-se do uso do Lawfare, palavra de origem inglesa que representa o uso indevido de recursos jurídicos para fins de perseguição política.
Existe uma aliança perversa baseada na manipulação da realidade. Desta forma segundo ela, a Operação Lava Jato recorre de forma abusiva de recursos judiciários fazendo uso de todas as astúcias possíveis para condenar Lula. Mesmo sem provas licitas, contando com o apoio permanente dos meios de comunicação. Segundo a advogada trata-se de uma batalha pela conquista de um poder político no Brasil.
Cada vez fica mais explicito o objetivo de alijar o ex-presidente Lula da vida política impedindo sua reeleição em 2018. No final a drª Valeska Martins concedeu um breve momento com os jornalistas presentes. A nossa questão foi de saber um pouco sobre o percurso dos advogados de Lula na Europa.
— Fomos convidados a fazer uma reunião com o parlamento alemão que está preocupado com o que vem ocorrendo com o ex-presidente Lula. Também, para explicar a situação política judiciária hoje no Brasil. Em seguida tivemos uma palestra o Instituto Latino-Americano (LAI) da Universidade Livre de Berlim. Estamos aqui hoje na Fundação Jaurès e, nesta quinta-feira, viajamos para a Suíça — disse Martins.
Direitos Humanos
Da capital francesa, os advogados seguem para Genebra.
— Vamos apresentar a nossa réplica no Alto Comissariado da ONU dos Direitos Humanos, na defesa internacional do presidente Lula, tendo em vista que as violações mais uma vez estão comprovadas e merece não somente uma reparação, mas que possa paralisar as novas violações que vem ocorrendo — conclui.
Marilza de Melo Foucher é correspondente do Correio do Brasil, em Paris.