Aécio Neves larga na frente mas PT suspeita das pesquisas

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Publicado quinta-feira, 9 de outubro de 2014 as 13:26, por: CdB
Pesquisa do Instituto Veritá confere dianteira a Aécio Neves
Pesquisa do Instituto Veritá confere dianteira a Aécio Neves

Após a divulgação, na véspera, de uma pesquisa do Instituto Paraná, que mostrou uma vantagem de oito pontos percentuais de Aécio Neves (PSDB) sobre Dilma Rousseff (PT), ambos candidatos ao Palácio do Planalto, uma nova pesquisa sobre o segundo turno da sucessão presidencial eleva a vantagem do senador tucano para quase dez pontos sobre a candidata petista. Divulgado nesta quinta-feira, o estudo mostra um total de 54,2% dos votos válidos dele contra 45,2% da adversária, caso as eleições fossem hoje.

O Instituto Veritá, que assina a pesquisa, não é mais conhecido do que o concorrente do Paraná, o que deixou a coordenação da campanha de Dilma apreensiva. Ainda segundo o levantamento, na contagem de votos nominais, Aécio teria 42%, contra 36,1% de Dilma, enquanto 17,4 ainda estão indecisos e 4,5% votariam branco ou nulo. Na passagem dos votos nominais para votos totais, isso representaria 54,8% para Aécio, contra 45,2% de Dilma. A análise da intenção de votos foi realizada entre os dias 6 e 8 de outubro, com 5.165 eleitores de todo o país e registrada junto ao TSE sob o número BR-01067/2014.

Quanto à pesquisa do Instituto Paraná, divulgada três dias após o fechamento das urnas, no primeiro turno, o resultado aponta a vitória de Aécio sobre a petista (54% a 46%), mas “há alguns aspectos estranhos com relação à referida enquete que revelam pouca transparência em todo o processo, maneira nem um pouco confiável de iniciarmos a apresentação das pesquisas neste segundo turno”, afirma a coordenação da campanha petista.

“Embora a pesquisa tenha sido publicada na quarta-feira pela revista conservadora Época, das Organizações Globo, não há menção à publicação em seu registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), datado do dia 03 de outubro. Apesar disso, a própria matéria de Época assegura que a pesquisa foi encomendada com exclusividade para a revista. Outro dado relevante é que o Instituto Paraná não havia apresentado nem uma única pesquisa eleitoral neste ano. Além disso, ainda não informou ao TSE quais foram os municípios e Estados em que foram realizadas as entrevistas. Isso não condiz com o comportamento típico dos institutos de pesquisa, que apresentam tais dados antecipadamente ao TSE, possibilitando ao público que ateste, no momento do resultado, o caráter nacional do estudo” suspeitam os petistas. Outro ponto que levantou interrogações quanto aos números do ensaio, ratificados nesta quinta-feira em outra aferição, é que Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas, foi nomeado para integrar o novo governo tucano de Beto Richa.

Aeroporto liberado

A estratégia do candidato tucano se adiantar nas pesquisas de opinião e mostrar que sua candidatura seria viável, apesar das suspeitas que o movimento levantou, foi reforçada nesta manhã com a notícia de que Aécio Neves está livre de um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) pela construção de um aeroporto no município de Cláudio, em Minas Gerais, controlado pela família dele desde que ocupou o governo do Estado. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, arquivou a acusação criminal feita pelo PT contra Neves sobre a obra, erguida na terra desapropriada de seus familiares. Janot, porém, deixou uma janela aberta ao determinar que a ação fosse encaminhada ao Ministério Público Federal em Minas para a avaliação de improbidade administrativa.

A obra foi realizada com dinheiro público no final do segundo mandato de Aécio como governador mineiro, ao custo de R$ 14 milhões. A pista de pouso ainda não se encontra homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil. Em julho, o senador mineiro reconheceu ter usado o aeroporto para visitar seus parentes, mas negou ter escolhido o local para beneficiar familiares.

Visita ao mentor

Se Neves contabilizou, nesta quinta-feira, duas notícias positivas, não pode comemorar, porém, o apoio explícito da ex-adversária Marina Silva (PSB/Rede Sustentabilidade) que, na última hora, mudou de ideia e preferiu não se pronunciar a favor da candidatura tucana no segundo turno das eleições. A ex-senadora não definiu uma nova data para declarar apoio a Aécio. Marina disse, por seus porta-vozes, que oficializaria o apoio político mineiro em Brasília, após a reunião dos partidos que compunham sua coligação, mas desistiu da viagem no último minuto. Marina resolver permanecer em São Paulo, após avisar à sua coordenadoria de campanha que prefere adiar a declaração pública de apoio ao PSDB, sem fixar nova data.

A política acriana tem sido cortejada tanto por tucanos quanto petistas e preferiu ser poupada de uma aparição pública ao lado do ex-adversário, mas apenas o fato de que tanto PSB quanto a facção Rede Sustentabilidade indicaram votos ao tucano, já serviram para Neves angariar alguns pontos nas pesquisas de opinião. Na véspera, pela manhã, Marina visitou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mentor da campanha tucana. A conversa, segundo relatos, durou cerca de 20 minutos. O líder tucano parabenizou a candidata por seu desempenho nas urnas e se disponibilizou a ser o canal de interlocução entre ela e seu apadrinhado.

Forças reacionárias

Mesmo sem o apoio explícito de Marina Silva, o candidato do PSDB à presidência “saiu vencedor no jogo de alianças políticas” no segundo turno das eleições”, repercutiu um jornal conservador paulistano, em sua última edição. “Além do apoio do PSB e do PPS, os dois principais partidos que estiveram com Marina Silva no primeiro turno, o tucano recebeu a adesão do PSC, do Pastor Everaldo, e do PV, de Eduardo Jorge. Aécio saiu vencedor no jogo de alianças políticas”, diz o diário. Neves recebeu, ainda, o apoio do partido nanico PSC.

Para os coordenadores da campanha petista, no entanto, novamente os meios de comunicação sustentados pelas forças reacionárias do país tentam distorcer a realidade. Nos próximos dias, garantem, Dilma contabilizará mais apoios políticos e sociais do que o adversário.