Aécio Neves sabia que seu conselheiro estava envolvido no 'mensalão tucano'

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Publicado Quarta, 12 de Fevereiro de 2014 às 11:09, por: CdB
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Aécio Neves tinha conhecimento que um de seus assessores mais próximos responde a processo no STF
Mal começou e a campanha do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG) sofreu seu primeiro baque. Um dos seus assessores mais próximos, de plena confiança, é também uma das principais personagens do 'mensalão tucano'. O jornalista e publicitário Eduardo Guedes, um dos réus do processo que começa a tramitar no Supremo Tribunal Federal (STF), é figura atuante nos bastidores da empreitada de Aécio Neves ao Planalto, e um dos mais próximos conselheiros do senador tucano. Aécio sabia que seu colaborador respondia a processo na Justiça mineira. O relacionamento de Neves com seu mais antigo colaborador nas campanhas eleitorais, em Minas Gerais, vem de muito tempo. Guedes é um dos sócios da Pensar Comunicação Planejada, empresa contrada para prestar consultorla de comunicação ao PSDB, presidido por Aécio Neves. Na peça em que pede a condenação do ex-governador de Minas e atual deputado Eduardo Azeredo (PSDB) a 22 anos de prisão, a Procuradoria Geral da República diz que Guedes determinou à Copasa, a Comig e ao Bemge, órgãos estaduais, que dessem R.$ 3,5 milhões (R$ 9 milhões em valores atualizados) à agência SMP&B, do publicitário Marcos Valério, para cobrir uma cota de patrocínio em evento esportivo. À época, ele era secretário-adjunto de Comuniação do govemo mineiro. O valor, segundo a Procuradoria, acabou sendo desviado para irrigar o suposto esquema de corrupção. Com estes valores em mãos, segundo os investigadores, o empresárlo Marcos Valérlo, forjou empréstimos fraudulentos para justificar o seu uso na campanha à reeleição de Azeredo, em 1998. Esquema semelhante foi usado por Valério, anos depois, no 'mensalão' do PT, motivo pelo qual ele acabou condenado no STF. Os ofícios assinados por Guedes, determinando o repasse, são o que os juristas chamam de "ato de ofício", que comprovaria o crime. Acusado de peculato (desvio de dinheiro público) e lavagem de dinheiro, seu processo tramita na primeira instância da Justiça mineira. Eduardo Pereira Guedes Neto, de 52, tem a confiança do presidenciável e de sua irmã, Andrea Neves, responsável pela imagem política do senador. Guedes já foi casado com Heloísa Neves, auxiliar de Andrea e atual assessora de imprensa de Aécio. Em 2005, quando estourou o escândalo, Eduardo Guedes ocupava a subsecretaria de Comunicação do governo de Aécio. Chegou a ser exonerado, mas logo em seguida voltou a trabalhar com o senador tucano. Guedes atuou na campanha que elegeu Antônio Anastasia governador, em 2010, a mesma que garantiu a Aécio uma cadeira no Senado. A partir de 2011, quando o mineiro assumiu o papel de presidenciável, Guedes voltou a participar das campanhas de comunicação do partido. Em 2012, em Brasília, Guedes dividiu as atenções com Aécio em ato de marketing político do PSDB. Na ocasião, palestrou sobre "como fazer uma campanha competitiva". Consciência tranquila Por meio de sua assessoria de imprensa, o senador Aécio Neves confirmou ter conhecimento do processo e de seu andamento, ao afirmar que "não há nenhuma decisão judicial contra o citado jornalista", referindo-se à atuação de Eduardo Guedes como um de seus assessores políticos. Segundo o senador, a empresa de Guedes presta serviços ao PSDB desde 2009, quando ele não havia assumido a direção do partido. O político também ressaltou que ainda "não tem marqueteiro contratado". Por e-mail, Eduardo Guedes informou que "tem a consciência tranquila de quem não cometeu irregularidade", por isso "não tem constrangimento" ao assessorar Aécio Neves. Ele disse ter trabalho "para diferentes partidos, instituições, lideranças e empresas privadas" ao longo de 27 anos de carreira, e que essas acusações provocaram "prejuízos pessoais e profissionais incalculáveis". Ainda sobre o processo do mensalão tucano, no qual é réu, Eduardo Guedes classificou as afirmações da Procuradoria de "descabidas e injustas". Ele disse a jornalistas do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo estar ansioso para, "pela primeira vez", "oferecer à Justiça" de Minas sua defesa sobre o caso.
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