Delator da empreiteira Odebrecht Energia, em depoimento à Polícia Federal, cita Aécio Neves. O senador mineiro e presidente do PSDB estaria ligado a um esquema criminoso montado na Cemig
Por Redação – de Brasília
Senador mineiro e presidente do PSDB, Aécio Neves será, novamente, citado em mais uma delação da Odebrecht. Na Operação Lava Jato, o candidato derrotado em 2014, nas eleições presidenciais, será acusado da prática de caixa 2 e desvio de dinheiro. O esquema criminoso, segundo denunciou a jornalista Mônica Bergamo, colunista de um dos jornais conservadores paulistanos, foi montado na usina hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. A Odebrecht Energia é acionista no projeto, junto com a Cemig, empresa controlada pelo governo de Minas Gerais.
Segundo a colunista, ”o PSDB de Minas Gerais diz, em nota, que desconhece o teor das delações. E que reafirma a correção de todas as obras e ações realizadas enquanto o partido comandou o governo do Estado”.
“O delator Benedicto Júnior apontou em seu depoimento o caixa dois de R$ 9 milhões da empreiteira aos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Antonio Anastasia (PSDB-MG), que foram peças centrais no golpe de 2016. Aécio aparece como “Mineirinho” na lista de pagamentos da empreiteira”, acrescentou.
Outro ministro
Ainda no âmbito da Lava Jato, a lista do procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot, entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), na véspera, sublinhou mais um integrante da equipe do presidente de facto, Michel Temer. O ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira (PRB), será investigado no inquérito proposto pela PGR após citado em delação da Odebrecht.
Pereira é o sexto colaborador de Temer a integrar a lista, que aponta, ainda, Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Bruno Araújo (Cidades), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia e Comunicações) e Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores).
Marcos Pereira é suspeito de receber de recursos ilícitos para o seu partido nas eleições de 2014. Em nota, o ministro diz que vai se colocar “à disposição das autoridades competentes para prestar os esclarecimentos necessários à elucidação da verdade, bem como fornecerei todos os documentos ao meu alcance aptos a afastar essa injusta conjectura”.
“É importante reiterar que o partido PRB teve suas contas devidamente aprovadas. E não se tem conhecimento de qualquer recebimento de valor fora àqueles declarados à Justiça Eleitoral”, diz ele, na nota.
Testemunha
Se não bastasse o número de envolvidos na Lista de Janot, Temer — também citado como suspeito pela PGR — o corretor Lúcio Funaro ingressou, nesta manhã, na Justiça Federal contra José Yunes, seu melhor amigo e ex-assessor, por crimes de injúria e difamação. No processo, recebido pela 7ª Vara Criminal de Brasília, Funaro, preso desde julho do ano passado, indica Temer como uma de suas cinco testemunhas de defesa.
Yunes declarou à PGR que serviu de ‘mula’ para Eliseu Padilha. O assessor de Temer o teria mandado receber o pacote, da parte de Funaro. Isso, de fato, ocorreu em seu escritório de advocacia em São Paulo, em 2014. Segundo o amigo de Temer, o lobista, apontado como operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, entregou-lhe um “pacote”. Ele diz que o recebeu a pedido de Eliseu Padilha, atual chefe da Casa Civil.
Yunes disse ainda não saber o que havia na encomenda. E uma terceira pessoa, da qual ele não se recorda, passou para retirar o pacote. O caso tem sido vinculado à delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht.
Além de Temer, foram chamados como testemunhas Padilha, Cláudio Melo, José Filho. Antonio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda na época da ditadura militar, também foi arrolado.