Se tudo ocorrer conforme o planejado, estará sacramentada uma nova derrota do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Ele havia montado uma operação para tentar neutralizar a aliança entre os senadores José Serra (SP) e Neves
Por Redação – de Brasília
A Comissão Executiva Nacional do PSDB, convocada para esta sexta-feira, tem no seu edital apenas uma pauta leve, sobre a conjuntura política brasileira. Mas a luta que se desenvolve, nas profundezas do ninho tucano, visa reconduzir o senador Aécio Neves (MG) à Presidência da legenda, por mais um ano.
Se tudo ocorrer conforme o planejado, estará sacramentada uma nova derrota do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Ele havia montado uma operação para tentar neutralizar a aliança entre os senadores José Serra (SP) e Neves. Alckmin articulou com diretórios estaduais do PSDB a oposição à prorrogação do mandato do mineiro na Presidência nacional da legenda. Uma vez derrotado, o governador paulista poderia deixar o ninho tucano, embora negue, publicamente, a possibilidade.
Ninho tucano
Serra, por sua vez, decidiu apoiar a recondução pela segunda vez de Aécio. Aliados do governador afirmam que essa possibilidade seria uma violação ao debate partidário. Secretário-chefe da Casa Civil de Alckmin, Samuel Moreira, atuou na articulação, que inclui os presidentes de diretórios de São Paulo, Rio, Bahia e Rio Grande do Norte. O discurso aecista, no entanto, segue mais eficaz.
— Prorrogar mandato é declarar a nossa incapacidade de resolver problemas internos. Alckmin tem toda a legitimidade para sugerir nomes. Serra já foi presidente e Aécio também — reclamou a jornalistas o deputado federal Otavio Leite, presidente estadual do PSDB no Rio.
Aécio x Alckmin
“Bem que a mídia oposicionista tentou difundir a imagem de um ninho de paz e harmonia, com todos os tucanos unidos e felizes em torno de objetivos comuns”. A afirmação é do jornalista Altamiro Borges. Segundo afirma, em recente artigo, Unidos, falaram em “sangrar’ Dilma, ‘matar’ Lula, ‘extinguir’ o PT e paralisar o Brasil”, acrescentou.
“Mas a farsa não durou muito tempo. Foi só a bandeira do impeachment cair em desuso — com a desmoralização do fiel aliado Eduardo Cunha, a retração das marchas golpistas e a resposta enérgica dos movimentos sociais nas ruas contra o golpismo — para o PSDB confirmar a sua fama de um partido rachado. Sem rumo e sem projeto”, emendou.
A luta interna que se desenvolve é em torno do controle partidário. Este segue importante no processo de escolha do candidato tucano à Presidência da República, posto que Aécio, Alckmin e Serra almejam.
Serra e FHC
O regimento do PSDB veda duas reeleições consecutivas. Mas o ex-senador Sérgio Guerra, morto em 2014, abriu precedente ao ter ficado à frente do partido por três mandatos, argumentou Serra. Aliado de Alckmin, o deputado estadual Pedro Tobias, sugeriu que o senador Tasso Jereissati (CE) assuma a legenda.
— Essa declaração do Serra, em um ambiente tão perturbado, é capaz de perturbar mais. Como Tasso não é candidato, ele pode coordenar esse processo — disse Tobias.
Aqueles que defendem a recondução de Aécio argumentam que uma disputa interna, prevista pra maio do ano que vem, racharia ainda mais o partido. A divisão interna tende a se acentuar às vésperas da eleição de 2018, conforme repara o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC).