Aécio pedia dinheiro, descaradamente, ao JBS, diz delator

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Publicado sábado, 20 de maio de 2017 as 16:06, por: CdB

O empresário relatou que, no ano seguinte à eleição, Aécio seguiu pedindo dinheiro com a justificativa de que era para arcar com dívidas de campanha

 

Por Redação – de Brasília

 

Em seu depoimento aos procuradores de Justiça, o empresário Joesley Batista, dono da JBS, faz um radiograma do senador afastado Aécio Neves (PSDB). Segundo o empresário, na delação premiada ao Ministério Público Federal, em 2016, ele chegou a pedir para um emissário de Aécio que ‘pelo amor de Deus, ele parasse de pedir dinheiro’.

— Em 2016, um dia na casa dele, me pediu R$ 5 milhões e eu não dei. Logo depois começaram as investigações contra mim e eu chamei aquele amigo dele, Flávio, e pedi pro Flávio para pedir a ele para, pelo amor de Deus, parar de me pedir dinheiro — disse.

Aécio Neves e Michel Temer respondem a inquérito no STF
Aécio Neves e seu principal aliado, o presidente de facto, Michel Temer, respondem a inquérito no STF

Ele lembra ter conhecido Aécio Neves durante a campanha de 2014.

— Fomos os maiores doadores da campanha dele — garante.

Superfaturamento

O empresário relatou que, no ano seguinte à eleição, Aécio seguiu pedindo dinheiro. Dessa vez, com a justificativa de que era para arcar com dívidas de campanha e relatou pagamento de R$ 17 milhões.

— Precisava de R$17 milhões e tinha um imóvel que dava para fazer de conta que valia R$ 17 milhões — disse.

Questionado por um procurador se se tratava de um superfaturamento do imóvel para justificar esse repasse de dinheiro, o empresário disse:

— Sem dúvida. Não estávamos atrás de comprar um prédio em Belo Horizonte.

Irmã bandida

Ainda em seu depoimento, Joesley Batista relatou que a empresária Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves, presa em Belo Horizonte, pediu R$ 40 milhões em dinheiro sujo.

Segundo o delator, Andrea queria os R$ 40 milhões para comprar um apartamento da mãe. Nesse contexto, ele explicou que pediu a Aécio a nomeação de Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras, para presidir a Vale.

O dono da JBS explicou que, com a nomeação de Bendine, resolveria o problema dos R$ 40 milhões pedidos por Andrea. Mas Aécio, segundo ele, disse que já havia indicado outra pessoa para a vaga, dando a ele a oportunidade de escolher qualquer uma das outras diretorias da mineradora. O tucano teria dito para o delator esquecer o pedido milionário da irmã, pois todos os contatos seriam feitos com ele próprio.

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), entendeu ser “imprescindível” a decretação da prisão de Aécio, mas não o fez, justificando que a Constituição não autoriza encarcerar integrantes do Congresso, salvo “em flagrante de crime inafiançável”.

Moleque

Afastado do mandato e da Presidência do PSDB, Aécio Neves confessou. Em áudio gravado por Joesley Batista, disse que sua iniciativa era apenas perseguir a presidenta Dilma Rousseff. E o fez, até que fosse afastada do governo, em um golpe de Estado. Tudo não passou de uma molecagem.

— Lembra depois da eleição? Os filhas da p… sacanearam tanto a gente. Vamos entrar com um negócio aí para encher o saco deles também — disse. Ele foi grampeado pela Polícia Federal.

A irresponsabilidade de Aécio fez com que a economia brasileira perdesse 10% de imediato. Com que mais de 7 milhões de brasileiros deixassem seus empregos no ano passado.

No próximo dia 6 de junho, o TSE retoma o julgamento da ação que Aécio apadrinhou. O presidente de facto, Michel Temer, seu principal aliado, desta feita, é o principal alvo dos juízes.