Líder da Al Qaeda no Iraque e segundo na escala de comando da organização radical islâmica, Abu Musab al-Zarqawi tombou em uma ação ao norte de Bagdá, disse nesta quinta-feira o primeiro-ministro iraquiano. Ele é acusado de promover a decapitação de reféns estrangeiros e a morte de centenas de pessoas em ataques suicidas no Iraque. O jordaniano que jurou lealdade a Osama bin Laden, transformou-se em símbolo da resistência contra a ocupação dos EUA no Oriente Médio. Sua campanha, na qual milhares de pessoas morreram, também é considerada um grande fator de incentivo na tensão entre sunitas e xiitas no país árabe.
Integrantes do exército norte-americano e autoridades daquele país saudaram a morte de Zarqawi, mas advertiram que os seguidores do líder rebelde ainda representam uma ameaça à segurança no país. O ambiente festivo estendeu-se à Inglaterra, onde o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, disse que a morte de Zarqawi é um golpe contra a Al Qaeda em todo o mundo.
– Hoje Zarqawi foi eliminado. Todas as vezes que aparecer um Zarqawi, nós o mataremos – anunciou o primeiro-ministro do Iraque, Nuri al-Maliki, em coletiva de imprensa transmitida pela televisão e com presença do principal comandante norte-americano no Iraque, o general George Casey.
Maliki, que precisava muito de um ato de sucesso para impulsionar sua autoridade, disse que sete assessores de Zarqawi também foram mortos na ação na cidade de Baquba, a 65 quilômetros ao norte da capital. Já o embaixador dos EUA no Iraque, Zalmay Khalilzad, disse que a morte de Zarqawi representa “um grande sucesso”. Mas o embaixador e Casey manifestaram cautela e disseram que isso não vai acabar com a violência no país.
O anúncio da morte de Zarqawi teve impacto nos preços do petróleo, que caíram em mais de um dólar, para 69,82 dólares.
Zarqawi, cuja idade é estimada no fim dos 30 anos, aparentemente inspirou militantes de todo o mundo árabe a virarem homens-bomba no Iraque. A recompensa para quem matasse Zarqawi era de US$ 25 milhões. Casey disse que o corpo de Zarqawi foi identificado pela impressões digitais e por determinadas cicatrizes.
Autoridades norte-americanas e iraquianas dizem que ele formou uma aliança com ex-agentes de Saddam Hussein, e beneficiou-se de seu dinheiro, de suas armas e informações de inteligência em sua campanha. Alguns cartazes no Iraque mostram Zarqawi de óculos, sério, e outros com ar ameaçador, com capuz preto. Em abril, Zarqawi apareceu pela primeira vez sem máscara em vídeo, em reunião com seguidores, disparando uma metralhadora no deserto e condenando todo o processo político iraquiano.
– Zarqawi não tinha um número dois. Não vejo ninguém que poderia substitui-lo… em termos de efetividade, não há nenhum líder no Iraque que pode ter sua dureza e determinação – disse Rohan Gumaratna, do Instituto de Defesa e Estudos Estratégicos, de Cingapura.
A morte de Zarqawi pode representar um impulso político para Maliki, que prometeu reprimir a insurgência árabe sunita contra o seu governo, que tem apoio dos EUA. O Parlamento iraquiano aprovou, nesta quinta-feira, os candidatos de Maliki para os cargos de ministros do Interior e da Defesa. Com maioria clara, o Parlamento aprovou os nomes do xiita Jawad al-Bolani para ministro do Interior e do general sunita Abdel Qader Jassim, que até agora era o comandante das forças terrestres iraquianas, para ministro da Defesa.
Dos 198 deputados que estavam presentes no Parlamento de 275 cadeiras, 182 aprovaram Bolani, e 142 votaram a favor de Jassim, disse o presidente. Os dois cargos estavam vagos desde que o governo de união nacional de Maliki assumiu, em 20 de maio, devido a disputas na coalizão. A aprovação parlamentar de candidatos apresentados por Maliki pode ajudá-lo a sair da crise política que vem prejudicando os esforços de combate à insurgência sunita e à violência sectária, que provocaram temores de guerra civil no Iraque.