Alemães concordam em processar gigante RWE por mudanças climáticas

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Publicado Sábado, 02 de Dezembro de 2017 às 15:57, por: CdB

Luciano Lliuya pede para a empresa alemã RWE pagar US$ 20 mil para construir um sistema de proteção contra enchentes em Huaraz.

 

Por Redação, com Ansa - de Berlim

A Justiça da Alemanha considerou admissível a ação de um agricultor peruano contra a multinacional de energia e gás natural RWE. A indústria será acionada pelas mudanças climáticas que afetam os Andes, na América do Sul.

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O agricultor peruano Luciano Lliuya pede para a empresa alemã RWE pagar US$ 20 mil para construir um sistema de proteção contra enchentes

Luciano Lliuya pede para a empresa alemã RWE pagar US$ 20 mil para construir um sistema de proteção contra enchentes em Huaraz. A cidade de 130 mil habitantes está ameaçada pelo aumento do nível de um lago; por causa do derretimento de glaciares. Além disso, quer um ressarcimento de US$ 6.384 pelas obras que já fez por conta própria.

Tribunal de Apelação

Segundo Lliuya, a RWE, que explora água e gás na região, é corresponsável por 0,5% das emissões de dióxido de carbono do mundo. O número está baseado em um estudo lastreado por dados da britânica Carbon Market Data.

O Tribunal de Apelação de Hamm, no noroeste da Alemanha, decidiu verificar por meio de peritos se as afirmações do peruano estão corretas. Se a contribuição do acusado para a "cadeia de eventos descrita é mensurável e calculável". "Mesmo quem age de acordo com a lei deve ser considerado responsável pelos danos que causa à propriedade", estabeleceu a corte.

Anteriormente, em primeira instância, o Tribunal de Essen, onde fica a sede da multinacional, havia julgado o processo infundado. Mas o peruano recorreu e conseguiu a admissibilidade de sua ação. A RWE diz que não entende porque foi escolhida para ser processada. Alega, em seu favor, esforços para reduzir as emissões em suas operações.

Tsunami de ações

Lliuya, 37 anos, é auxiliado pela ONG ambientalista alemã Germanwatch. Ele participou, em novembro, da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2017, a COP23, realizada em Bonn, na Alemanha.

— Esse é um grande sucesso não apenas para mim; mas para o povo de Huaraz. E de todos os lugares do mundo ameaçados pelo risco climático — comentou o peruano; após a decisão do Tribunal de Hamm.

Caso seja declarada culpada, a RWE espera um tsunami de processos, em nível global. As demais indústrias poluidoras também acompanham de perto o trâmite desta ação.

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