Amazônia: desmatamento aumentou 15%, aponta estudo

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Publicado Sexta, 16 de Agosto de 2019 às 08:49, por: CdB

Um dos dados mais alarmantes destacados pelo estudo é o grande aumento de área desmatada na Amazônia somente no mês de julho.

Por Redação, com Sputnik e DW - de Brasília

O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), um dos sistemas mais usados para monitorar o desmatamento da Amazônia, relatou que nos últimos 12 meses houve um aumento de 15% da área desmatada em relação ao período anterior.
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Desmatamento da Amazônia aumentou 15% nos últimos 12 meses, aponta estudo
Os novos dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que é responsável pelo SAD, e avaliou o desmatamento no período entre agosto de 2018 e julho de 2019. Um dos dados mais alarmantes destacados pelo estudo é o grande aumento de área desmatada na Amazônia somente no mês de julho, revelando uma significativa escalada do desmatamento da região, que somou 1.287 km² de florestas destruídos no mês passado. O total da área devastada nos 12 meses avaliados foi de 5.054 km².

"Somente em julho de 2019, mês que fecha o calendário oficial do desmatamento, a destruição das florestas somou 1.287 km². É um aumento de 66% em relação a julho de 2018. Acre, que tradicionalmente não costuma aparecer na lista dos estados que mais desmatam, ocupou a terceira posição do ranking com um aumento de 257% no mês", diz a publicação do Imazon.

Maiores índices

O estudo destacou que os municípios que tiveram os maiores índices de desmatamento, em julho de 2019, foram Altamira (128 km²) e São Félix do Xingu (96 km²), no Pará, e Porto Velho (78 km²), em Rondônia. A ferramenta utilizada pra monitorar a destruição das florestas é o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), que se baseia em imagens de satélites, desenvolvida pelo Imazon para reportar mensalmente o ritmo do desmatamento e da degradação florestal da Amazônia.

Fundo Amazônia

O ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Ola Elvestuen, disse na quinta-feira que seu país vai suspender o repasse de 300 milhões de coroas norueguesas (R$ 133 milhões) que seriam destinados ao Fundo Amazônia, o programa de financiamento à proteção da maior floresta tropical do mundo. A Noruega é a maior doadora do fundo, tendo repassado R$ 3,1 bilhões para a iniciativa nos últimos dez anos. A Alemanha, por sua vez, doou cerca de R$ 200 milhões. Os dois países vinham mostrando contrariedade com a extinção de dois comitês responsáveis pela gestão do Fundo Amazônia, oficializada unilateralmente pelo governo de Jair Bolsonaro no final de junho. – O Brasil rompeu o acordo com a Noruega e a Alemanha ao extinguir o Comitê Orientador (Cofa) e o Comitê Técnico do Fundo Amazônia (CTFA). Eles não poderiam fazer isso sem um acordo com a Noruega e a Alemanha – disse Elvestuen ao jornal norueguês Dagens Næringsliv. O ministro ainda lembrou que os números do desmatamento na Amazônia estão crescendo de modo acentuado. "Houve um aumento significativo em julho em relação ao mesmo período do ano passado. Há motivos para preocupação. O que o Brasil está fazendo mostra que o país não pretende mais conter o desmatamento", afirmou. No início de agosto, dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) confirmaram o aumento significativo no desmatamento da Floresta Amazônica. Em julho deste ano, a devastação do bioma cresceu 278% em relação ao mesmo mês de 2018. A decisão segue medidas semelhantes adotadas pela Alemanha. No sábado, a ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, anunciou que seu país decidiu suspender o financiamento de projetos para a proteção da floresta e da biodiversidade no Brasil. A medida reteve 35 milhões de euros (cerca de R$ 155 milhões). Nesse caso, no entanto, os valores retidos não faziam parte do Fundo Amazônia, mas de outras iniciativas do ministério alemão. Ainda não está claro se a Alemanha também deve seguir a iniciativa da Noruega em relação ao fundo. Na ocasião em que anunciou o congelamento dos repasses, Schulze levantou dúvidas sobre o comprometimento do Brasil em agir contra o desmatamento. "A política do governo brasileiro na Região Amazônica deixa dúvidas se ainda se persegue uma redução consequente das taxas de desmatamento", disse a ministra. Após o anúncio dos alemães, Bolsonaro tratou o congelamento dos repasses com desprezo. "Ela (Alemanha) não vai mais comprar a Amazônia, vai deixar de comprar a prestações a Amazônia. Pode fazer bom uso dessa grana. O Brasil não precisa disso", disse o presidente no domingo. Diante da resposta de Bolsonaro, a ministra Schulze reagiu: "Isso mostra que estamos fazendo exatamente a coisa certa." Logo depois, o presidente brasileiro voltou a atacar os alemães: "Eu queria até mandar recado para a senhora querida (chanceler federal) Angela Merkel. Pegue essa grana e refloreste a Alemanha, tá ok? Lá tá precisando muito mais do que aqui." Após a divulgação da decisão dos noruegueses nesta quinta, o presidente Jair Bolsonaro criticou o país nórdico, e aproveitou para lançar mais um ataque à Alemanha. – A Noruega não é aquela que mata baleia lá em cima, no Polo Norte, não? Que explora petróleo também lá? Não tem nada a oferecer para nós. Pega a grana e ajuda a Angela Merkel a reflorestar a Alemanha – disse. O debate entre Berlim e Brasília sobre a proteção ambiental em terras brasileiras vem se intensificando nas últimas semanas. Em junho, Merkel expressou preocupação com as questões dos direitos humanos e do meio ambiente no Brasil. Bolsonaro reagiu acusando a Alemanha de abusar dos recursos naturais ao utilizar combustíveis fósseis para gerar energia e de já ter desmatado suas próprias florestas. Após as afirmações de Bolsonaro, a imprensa alemã lembrou que um terço do território do país europeu é coberto por florestas. Em julho, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e os embaixadores de Noruega e Alemanha se reuniram para discutir o impasse criado pelas mudanças unilaterais que vêm sendo implementadas pelo governo Bolsonaro no Fundo Amazônia. Na ocasião, tanto Salles quanto os embaixadores Nils Martin Gunneng (Noruega) e Georg Witschel (Alemanha) admitiram a possibilidade de que o programa venha a ser extinto caso o impasse não seja resolvido. Além de mostrarem contrariedade com a extinção dos comitês, os alemães e noruegueses rejeitaram a proposta de Salles de usar parte dos recursos do fundo para indenizar proprietários que vivem em áreas incluídas em unidades de conservação da Amazônia, o que hoje não é permitido. Os europeus também vêm refutando as insinuações, sem provas, do governo brasileiro de que há indícios de irregularidades em contratos do fundo.
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