Ambiente no Planalto fica mais sombrio após novas denúncias

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Publicado Quarta, 16 de Maio de 2018 às 12:26, por: CdB

Nova ação contra os irmãos Batista, do grupo J&F, deixa inquilinos do Palácio do Planalto mais apreensivos.

 

Por Redação - de Brasília

 

A nova denúncia da Procuradoria da República da Primeira Região (PRR-1) contra os ex-executivos do grupo J&F Joesley Batista e Francisco de Assis e Silva foi recebida com pessimismo no Palácio do Planalto. O presidente de facto, Michel Temer, que figura em processos nos quais os empresários são réus, também será investigado, dentro de alguns meses, por corrupção passiva

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O presidente de facto, Michel Temer, ainda no Planalto, responderá a acusações pesadas após o fim do mandato

Batista e Silva, no entanto, responderão também por corrupção ativa, violação de sigilo funcional, embaraço a investigações e lavagem de dinheiro.

Esquema

Além dos empresários, foram denunciados também o procurador da República Ângelo Goullart Vilella; o presidente da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF), Juliano Costa Couto; o advogado Willer Tomaz e o publicitário André Gustavo Vieira.

A atual denúncia, que tramita sob sigilo, foi apresentada ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), com sede em Brasília; onde ficará sob relatoria da desembargadora Mônica Sifuentes.

Operação Greenfild

Todos foram denunciados por uma suposta tentativa de Joesley e Silva de pagarem uma “ajuda de custo” de R$ 50 mil mensais a Goulart; para receber informações sigilosas em investigações contra os executivos. O procurador integrou a equipe da Operação Greenfield, que apura desvios em fundos de pensão.

Os demais acusados teriam participado como intermediadores do esquema, dividindo a propina que teria sido paga pelos empresários, com o objetivo de obter “resumos de informações e estratégias confidenciais e sensíveis da Força-Tarefa da Greenfield”.

No STF

Os crimes foram descritos pelo próprio Joesley e por Francisco de Assis em suas delações premiadas. No acordo de colaboração, a procuradoria-geral da República (PGR) havia se comprometido a não os denunciar, mas o órgão decidiu não cumprir mais o acordado após considerar que eles haviam ocultado informações importantes em seus depoimentos sobre outros casos. 

Um primeiro pedido de rescisão do acordo, todavia, foi feito ao Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro do ano passado, pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sendo posteriormente reforçado por Raquel Dodge, atual PGR. A solicitação ainda não foi avaliada pelo relator, ministro Edson Fachin, o que significa que o contrato ainda vigora.  

Defesas

Por meio de nota, o advogado André Callegari, que representa Joesley, disse não ter tido acesso à denúncia, mas que recebe a notícia “com estranheza”.

“Se confirmado o oferecimento de acusação usando fato denunciado pelo colaborador contra o próprio colaborador; verifica-se grave desrespeito à lei. E às cláusulas do acordo de colaboração, firmado entre a PGR e Joesley Batista; que preveem a não denúncia”, diz o texto.

O defensor acrescenta ainda que há “menção expressa pela Procuradora-Geral da República de que, enquanto o STF não se manifestar sobre a rescisão do acordo; a denúncia não pode ser recebida contra o colaborador. Então é um contrassenso os procuradores da República oferecerem essa denúncia neste momento”.

Ilegalidade

A defesa de Ângelo Goulart negou com veemência o envolvimento dele em qualquer ato ilícito. “A defesa confia que, após a apresentação da resposta de Ângelo Goulart Villela; o Tribunal Regional Federal fará justiça. E rejeitará essa acusação requentada, infundada e incoerente”, disse.

Por meio de nota, o advogado Willer Tomaz disse “não haver qualquer prova” de ato ilícito cometido por ele.

"Trata-se de um verdadeiro buffet, com perdão pelo estilo, no qual o MPF escolhe ao bel-prazer o que lhe interessa; tomando alguns trechos dos depoimentos como verdade absoluta, dogma solar que tudo toca. E outros, como a mais absurda das mentiras”, acrescentou.

Clima pesado

Por meio de nota, todavia, o presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto, manifestou “surpresa” com a denúncia contra ele; afirmando não “ter cometido nenhuma ilegalidade”. “Ao mesmo tempo, manifesto minha indignação, em razão de nunca ter sido intimado a prestar esclarecimentos”, acrescentou.

Com os desdobramentos das ações contra os irmãos Batista e seus cúmplices, no entanto; o ambiente no Palácio do Planalto estava mais sombrio do que de costume, nesta manhã, comentou um observador à reportagem do Correio do Brasil. Desde o final da tarde passada, após o que seria a comemoração por dois anos de Temer à frente do governo de facto; o peso da realidade esmaga o inquilino do quarto andar.

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