Declarações de Temer ampliam desconfiança de investidores diante possível prisão da cúpula do PMDB.
Por Redação - de Brasília
Presidente de facto e implicado em processos de corrupção e formação de quadrilha, investigados no Supremo Tribunal Federal (STF), Michel Temer afirmou a jornalistas, nesta terça-feira, que existem no Brasil pessoas dispostas a “atrapalhar o outro”. Acrescentou que existem problemas “artificialmente criados”.
A declaração de Temer serviu como mais um motivo de desconfiança, por parte de investidores e instituições financeiras, quanto aos destinos do peemedebista. A moeda norte-americana passou a subir frente ao real, logo após o pronunciamento
— Um problema importante no país é que cada um quer derrubar o outro. Ela não quer ajudar o outro. Cada um quer encontrar um caminho para verificar como é que atrapalha o outro. Mas não conseguem porque o Brasil não para — diz ele.
Cúpula do PMDB
Ainda na declaração, Temer acrescenta que “o povo brasileiro é maior que toda e qualquer crise.
— O povo brasileiro é capaz de encarar os problemas muitas vezes artificialmente criados, e dizer ‘não vou no artifício, eu vou na realidade’. E a realidade é o crescimento do país — afirmou, referindo-se às acusações formuladas pela Procuradoria Geral da República (PGR) e a Polícia Federal (PF).
No final da tarde passada, a PF entregou ao STF o relatório sobre a investigação contra o PMDB. O documento aponta indícios de corrupção contra Temer e dois de seus principais assessores — Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência —; além de boa parte da cúpula do PMDB.
Segundo a PF, Temer teria recebido vantagens indevidas no valor de R$ 31,5 milhões. Outras notícias que irritaram o peemedebista foram vazamentos da delação premiada do empresário Lúcio Funaro. O doleiro o acusa de ter negociado pagamentos por telefone mais de uma vez.
'Ações clandestinas'
Mais cedo, o Palácio do Planalto divulgou uma nota dura de resposta às acusações, em que afirma que o Brasil vem assistindo a violação das garantias individuais “sem que haja a mínima reação”.
“Facínoras roubam do país a verdade. Bandidos constroem versões ‘por ouvir dizer’ a lhes assegurar a impunidade ou alcançar um perdão, mesmo que parcial, por seus inúmeros crimes. Reputações são destroçadas em conversas embebidas em ações clandestinas”, diz a nota, sem citar diretamente nem o relatório da PF nem a delação de Funaro.
Temer reuniu representantes de vários setores industriais e das centrais sindicais para uma reunião aberta no Palácio do Planalto. O almoço era para ouvir reivindicações que ajudem no aumento do emprego no país.
Recessão
Entre o pedidos, a facilitação de crédito via BNDES; um programa para renovação de frota automobilística; controle para o dólar não cair mais e facilitar as importações que competem com produtos nacionais – especialmente na área de têxteis –; e a retomada de obras públicas.
Temer fez ainda um balanço de dados oficiais no aumento de emprego e crescimento de setores industriais nos últimos meses. “Saímos de uma recessão acentuadíssima e progredimos nesses 16 meses”, afirmou.
Leia, adiante, as respostas dos envolvidos:
Michel Temer
“Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República
O presidente Michel Temer não participou e nem participa de nenhuma quadrilha, como foi publicado pela imprensa, deste 11 de setembro. O Presidente tampouco fez parte de qualquer “estrutura com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagens indevidas em órgãos da administração pública”. O Presidente Temer lamenta que insinuações descabidas, com intuito de tentar denegrir a honra e a imagem pública, sejam vazadas à imprensa antes da devida apreciação pela justiça”.
Moreira Franco
“Com relação a citação do meu nome em investigação da Polícia Federal, esclareço:
Jamais participei de qualquer grupo para a prática do ilícito. Repudio a suspeita. Responderei de forma conclusiva quando tiver acesso ao relatório do inquérito. Lamento que tenha que falar sobre o que ainda não conheço. Isto não é democrático.
Ministro Moreira Franco
Brasília, 11 Set 2017″.
Eliseu Padilha
“O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, informa que só irá se pronunciar quando e se houver acusação formal contra ele que mereça resposta”.