Ameaça a repórter não é suficiente para Maia avaliar impeachment

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Publicado Segunda, 24 de Agosto de 2020 às 13:53, por: CdB

Maia voltou a ser cobrado no domingo pelas redes sociais sobre os pedidos de impeachment do presidente que se acumulam na Mesa Diretora da Casa, depois de Bolsonaro ter dito ao repórter Daniel Gullino, do diário conservadora carioca O Globo que “queria encher sua boca de porrada”.

Por Redação - de Brasília
Presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) voltou a descartar a análise de qualquer um dos mais de 40 pedidos de impedimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentados à Casa e fez, nesta segunda-feira, a avaliação de que esse não é o momento de aumentar a crise política no país, em meio à epidemia do novo coronavírus e à pior crise econômica desde o século passado.
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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, negou durante entrevista que pretenda concorrer a um novo mandato
— Não acho que é o momento de avaliar processos de impeachment. Estamos vivendo uma epidemia, uma crise econômica. Não acho que impeachment seja instrumento para ser usado a qualquer momento, tem que avaliar com calma — disse Maia, em entrevista a uma rádio gaúcha. Maia voltou a ser cobrado no domingo pelas redes sociais sobre os pedidos de impeachment do presidente que se acumulam na Mesa Diretora da Casa, depois de Bolsonaro ter dito ao repórter Daniel Gullino, do diário conservadora carioca O Globo que “queria encher sua boca de porrada”. O presidente foi questionado sobre o porquê de sua esposa, Michelle, ter recebido R$ 89 mil de Fabrício Queiroz em depósitos simultâneos, por meses seguidos, na conta bancária.

Polêmicas

Maia afirmou que o episódio não tem relação com os pedidos de impeachment e não quis comentar os problemas enfrentados pela família Bolsonaro com as investigações sobre um suposto esquema de “rachadinha”, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Ainda assim, não se absteve de criticas à reação de Bolsonaro. — Claro que isso não é bom. Não cabe uma reação desproporcional como a do presidente (…). As nossas liberdades individuais, de imprensa, religiosa, têm um papel fundamental em qualquer sociedade. Uma frase com esse impacto vindo do presidente gera um impacto muito negativo, internamente e externamente — disse. Maia ressaltou, ainda, que os “últimos 66 dias foram muito bons para o país e seria bom que continuasse”. O período a que ele se refere é o que o presidente evitou dar entrevistas e, com isso, não criou novas polêmicas e crises, sem ataques à imprensa, ao Parlamento ou ao Judiciário. Reeleição Maia também avaliou, na entrevista, a sua candidatura à reeleição e revelou que não pretende buscar um segundo mandato. Qualquer tentativa nesse sentido, disse o deputado, “poderia atrapalhar a agenda de reformas no país”. A Constituição Federal, segundo o parlamentar, inviabiliza qualquer tentativa sua de reeleição, apesar de entender os movimentos que estão sendo feitos pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) para tentar garantir mais um mandato. — Se eu quero tentar avançar nas reformas, eu introduzir meu nome na eleição, eu mais atrapalho que ajudo — afirmou, acrescentando que vai trabalhar para eleger um presidente da Casa que continue trabalhando para ajudar na aprovação das reformas — especialmente tributária e administrativa — e na aproximação do Parlamento com a sociedade. Reformas Maia acrescentou que vê espaço para avançar na agenda de reformas, ainda este ano, mas que a agenda de privatizações deve ficar para 2021, na contramão do que disse, na véspera, o ministro da Economia, Paulo Guedes. O presidente da Câmara afirmou que não adianta o governo gerar uma receita financeira extra antes de reorganizar sua própria estrutura. O presidente da Câmara voltou a criticar a ideia da equipe de Paulo Guedes, de tentar incluir a nova CPMF na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que regulamenta o teto de gastos. — É meio complicado o governo tentar criar um imposto sem ser em uma PEC enviada pelo próprio governo — concluiu.
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