O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, descartou nesta quarta-feira a existência de uma contradição na participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Cúpula da Governança Progressista, novo nome da Terceira Via, e disse que o presidente vai ao encontro com “suas idéias”.
Lula participa no próximo domingo e na segunda-feira da quarta edição do evento, iniciado em 1999. No Brasil, a Terceira Via foi sempre ligada ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a seu partido, o PSDB.
– Ele (Lula) vai com as idéias dele, que são conhecidas. Não teve que subscrever nada – disse Amorim a jornalistas em Lisboa, onde o presidente Lula chega nesta noite para visita de três dias.
Na avaliação de Amorim, “há interesse” do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, na presença de um líder expressivo dos países em desenvolvimento.
– Creio que é uma necessidade importante para o movimento (da governança progressista) que ele tenha a participação de grandes lideres da atualidade e não apenas do passado – acrescentou Amorim.
Para o ministro, a presença de Lula na reunião, cujo movimento foi criticado pelo PT no passado, não é uma contradição e sim apenas aproveitar mais uma oportunidade para ele “levar sua mensagem”.
Ao comentar seu encontro com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Supachai Panitchpakdi, em Genebra, esta semana, Amorim mostrou-se cauteloso sobre a próxima rodada de negociações em Cancun, marcada para setembro.
Mesmo elogiando a recente reforma na política agrícola comum da União Européia – um dos principais temas de atrito com o Brasil, devido aos subsídios agrícolas – Amorim lembrou que ela “não determina” nada, embora abra novas possibilidades.