Pesquisa divulgada nesta quinta-feira sinaliza que, além de impopular, presidente de facto, Michel Temer, está envolvido na roubalheira ocorrida na Petrobras
Por Redação – de Brasília e São Paulo
Para 73% dos brasileiros, o presidente de facto, Michel Temer, é corrupto. Este é o resultado de pesquisa do Datafolha, divulgada nesta quinta.
A desconfiança quanto ao caráter do peemedebista que ocupou a Presidência da República, após o golpe de Estado em curso no país, supera o patamar dos 60% entre homens e mulheres. A percepção ocorre em todas as faixas etárias, nas cinco regiões do país e em todos os grupos de renda e de escolaridade.
Investigação
A pesquisa aponta, ainda, que o eleitorado não respalda a decisão de Temer de blindar o governo da pressão popular. Ele insiste em manter na Esplanada dos Ministérios os integrantes de sua equipe, investigados na Operação Lava Jato. Temer anunciou o critério de só afastar assessores que forem denunciados – etapa posterior à investigação – e de só demitir auxiliares se o STF torná-los réus.
Segundo o estudo, 82% dos entrevistados defendem a exoneração imediata dos suspeitos. Apenas 13% concordam com a decisão de mantê-los no cargo.
O eleitorado nutre o mesmo sentimento em relação a outros políticos mencionados na lista. Para 77% dos pesquisados, os governadores, prefeitos e parlamentares investigados deveriam pedir licença de seus mandatos.
Fora Temer
A pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) foi aberta uma investigação sobre encontro do qual Temer participou, em 2010. Na reuníão, delatores da Construtora Norberto Odebrecht dizem ter tratado de propina para o PMDB. A PGR, no entanto, pede que Temer seja poupado do inquérito. O procurador-geral, Rodrigo Janot, entende que o suspeito não pode ser investigado na vigência do mandato, por atos estranhos às suas funções.
No fim de semana, um outro levantamento do instituto já mostrava a insatisfação do brasileiro com Michel Temer: 85% dos brasileiros o querem afastado do Planalto, com a realização de diretas-já.
A pesquisa foi realizada pelo Datafolha em 26 e 27 de abril, com 2.781 entrevistas em 172 municípios. Tem margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos
Mais suspeitas
Não bastasse a suspeita da ampla maioria dos brasileiros quanto à honestidade de Temer, o dono da empreiteira Engevix, José Antunes Sobrinho, preso após o escândalo de propina da Petrobras e investigado na Operação Lava Jato, insinuou que os investigadores da Policia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) não tiverem interesse em ouvir o que ele tinha a dizer sobre Michel Temer.
Questionado sobre o motivo de ter desistido de uma delação premiada em que citava Temer, quando durante o período em que esteve preso em Curitiba, Sobrinho respondeu da seguinte forma:
— Te respondo só com uma frase. Não fui eu quem desistiu. Você me perguntou por que eu desisti. Estou dizendo que não fui eu quem desistiu. Ponto.
Temer citado
Perguntado se confirmava que havia citado o nome do hoje presidente da República, o empresário respondeu afirmativamente:
— Tinha. Ficou só na menção.
O executivo lembra que “a empresa tem uma história espetacular na área de concessões” e avalia que a ida para a Petrobras, em 2007, foi o “maior erro” de suas vidas.
— Os contratos eram assinados com base em relações políticas e corrupção. Vamos falar a verdade — denuncia.
O empresário ficou 11 meses longe da Engevix – seis deles preso em Curitiba. Agora, em seu retorno, considera fundamental firmar um acordo de leniência com o Ministério Público Federal para seu projeto de reerguer a empresa, a partir de um plano de negócios para o período 2017-2021.