Annan avalia situação humanitária e perspectivas de paz em Darfur

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Publicado Sexta, 27 de Maio de 2005 às 16:41, por: CdB

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, iniciou uma visita ao Sudão hoje, sexta-feira, para conhecer de perto a situação humanitária em Darfur e avaliar as perspectivas para restabelecer a paz na região.

Annan, que chegou a Cartum vindo de Adis-Abeba, tinha uma reunião marcada para hoje com representantes da ONU no Sudão, e também com o vice-presidente sudanês, Ali Ozman Taha, e o ministro das Relações Exteriores, Mustafa Ozman Islamil.

Na chegada à capital sudanesa, Annan destacou a importância da retomada das negociações entre o governo sudanês e os grupos rebeldes para facilitar a chegada de ajuda humanitária aos habitantes de Darfur, região que vive uma das piores crises humanitárias do mundo atualmente.

Amanhã, sábado, Annan irá para Nyala, no sul de Darfur, cerca de 800 quilômetros ao oeste de Cartum, para visitar o acampamento de refugiados de Kalma, onde há informações de vários ataques contra funcionários de organizações humanitárias árabes e islâmicas.

A visita de Annan ao Sudão, que vai durar três dias, acontece depois do anúncio da retomada, a partir do dia 10 de junho, na Nigéria, das negociações de paz entre o regime de Cartum e os grupos rebeldes, sob o patrocínio da União Africana (UA), após ficarem suspensas por seis meses.

Ahmed Hussein, porta-voz do rebelde Movimento pela Justiça e Igualdade (MJI), disse hoje que a crise humanitária e de segurança em Darfur "é cada dia mais complicada", e pediu que a ONU pressione para aumentar o número de efetivos da UA na região.

Hussein, em declarações à televisão árabe Al Arabiya, acusou o regime sudanês de não adotar medidas práticas para desarmar a milícia árabe Janjaweed, que seria responsável pelas atrocidades em Darfur.

Em Adis-Abeba, Annan assistiu a uma reunião de doadores de ajuda para Darfur, com a presença de representantes da União Européia (UE), Otan e Nações Unidas, junto com os Estados Unidos.

Durante esta reunião foi decidida a concessão de uma ajuda de cerca de 300 milhões de dólares para a missão de paz da União Africana (UA) em Darfur, onde a guerra civil já deixou 400.000 mortos e 1,6 milhão de desabrigados, segundo dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).

A UA afirmou na capital etíope que precisa de 575 milhões de euros para triplicar sua força de paz, de 2.200 efetivos e que está em Darfur desde agosto passado, e equipá-la com helicópteros de ataque e veículos blindados para o transporte de tropas, além do combustível para operar todo esse equipamento.

Após sua visita a Darfur, o secretário-geral das Nações Unidas irá no domingo às cidades de Rumbek e Juba, no sul do Sudão, onde se reunirá com o líder do Exército Popular para a Libertação do Sudão (EPLS), John Garang.

Em janeiro passado, o EPLS e o governo de Cartum assinaram um acordo de paz que pôs fim a uma longa e violenta guerra civil no sul do país, que desde 1983 matou cerca de dois milhões de pessoas.

Annan terminará sua visita na segunda-feira, após um encontro com o presidente sudanês, Omar Hassan al Bashir, que criticou duramente a resolução 1593 do Conselho de Segurança da ONU, exigindo que 51 acusados de crimes em Darfur fossem julgados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

O presidente sudanês disse que essa resolução "marca a queda da organização internacional", e afirmou que nunca entregará cidadãos de seu país para serem julgados no exterior.

O conflito de Darfur começou em fevereiro de 2003, quando o MJI iniciou um levante junto com o Movimento de Libertação do Sudão (MLS) em protesto pela marginalização dessa região.

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