O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, se reuniu com o embaixador britânico Emyr Jones Parry para tentar obter uma explicação sobre as denúncias de escuta telefônica em seu escritório. Ao fim do encontro, nenhum dos dois comentou o assunto.
“O secretário-geral pediu para se reunir com o embaixador e esse encontro se realizou”, disse o porta-voz de Annan, Fred Eckard, acrescentando que não tem mais nada a dizer sobre a reunião. Jones Parry também se recusou a comentar o assunto.
Eckard havia dito que Annan esperava uma explicação completa sobre as acusações de que a inteligência britânica o havia espionado antes da invasão ao Iraque, liderada pelos Estados Unidos.
A ex-secretária de Desenvolvimento Internacional Clare Short disse na semana passada que agentes britânicos espionaram o líder da ONU. Representantes da entidade mundial disseram que a escuta, se verdadeira, viola as leis internacionais e deve ser interrompida imediatamente.
Jones Parry telefonou para Annan falando em nome do primeiro-ministro Tony Blair, logo após as denúncias de espionagem terem se tornado públicas. No entanto, fontes diplomáticas disseram que essas conversas não trataram das denúncias de espionagem.
A ONU foi pega de surpresa pelas denúncias apresentadas por Short, pois ela era funcionária do primeiro escalão do governo britânico quando a escuta teria ocorrido. Ela se demitiu após a guerra no Iraque.
Short afirmou à rádio BBC que leu algumas das transcrições de escuta feitas no escritório de Annan no 38º andar do prédio da ONU em Manhattan, Nova York. “No caso do escritório de Kofi, (a escuta) vinha sendo feita há algum tempo)”, disse ela.
Mais cedo, um tradutor britânico deixou vazar para a imprensa um documento secreto dos EUA que buscava ajuda de Londres na espionagem de membros do Conselho de Segurança da ONU antes da guerra no Iraque.