Após bravatas, ministros do STF dizem que Bolsonaro não passa de um ‘tigre de papel’

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Publicado Quinta, 06 de Maio de 2021 às 12:24, por: CdB

A China está entre os parceiros mais importantes do Brasil no fornecimento de insumos para a produção de vacina. O Instituto Butantan aguarda a liberação de um lote de 3 mil litros de insumo da CoronaVac, previstos para chegar ao país em abril, para continuar a produção da vacina no país.

Por Redação - de Brasília

Contradito por seu ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no depoimento à CPI da Covid, nesta quinta-feira, que afirmou desconhecer quaisquer "indícios de guerra química na China”, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi desqualificado por ministros do Supremo Tribunal Federal.

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Para os ministros do STF, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) parte para o ataque sempre que se encontra sem argumentos

Nesta manhã, o ministro Queiroga foi questionado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) a respeito da declaração do presidente, na véspera, na qual insinua que a China teria criado o novo coronavírus.

— É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano (que) ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica (?!). Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? — questionou o presidente.

E insistiu:

— Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês.

Na tentativa de colocar panos quentes, Queiroga preferiu não criticar o comentário do presidente e tentou remediá-lo ao dizer que espera que as relações com o país asiático sejam boas.

— Vossa excelência mesmo disse que o presidente não fez menção à China. Eu espero que essas relações continuem de forma positiva e não tenhamos impacto para nossa campanha de vacinação — respondeu.

China

Ainda nesta manhã, em nota divulgada por um dos diários conservadores paulistanos, Bolsonaro foi classificado como um “tigre de papel” que estaria “trôpego” por causa da CPI da Covid. Segundo disseram magistrados à colunista Mônica Bergamo, o presidente “tem se mostrado um tigre de papel”.

Ainda na noite passada, diante da péssima repercussão diplomática de suas declarações, Bolsonaro tentou negar que tenha se referido à China no discurso realizado pela manhã no Palácio do Planalto.

— Eu não falei a palavra China. Eu falei a palavra China hoje de manhã? Eu não falei. Eu sei o que é guerra bacteriológica, guerra química, guerra nuclear. Eu sei porque tenho a formação. Só falei isso, mais nada. Agora ninguém fala, vocês da imprensa não falam onde nasceu o vírus. Falem. Ou estão temendo alguma coisa? Falem. A palavra China não estava no meu discurso de quase 30 minutos de hoje. Agora, muita maldade tentar aí um atrito com um país que é muito importante pra nós. E nós somos importantes pra eles também. Vocês que interpretaram — emendou o mandatário.

Mal-entendido

Apesar dos sucessivos desgastes diplomáticos, o governo insiste em criar embaraços com a China. Na semana passada, foi a vez do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele relatou que a China "inventou" o novo coronavírus e, ainda assim, produziu uma vacina "menos eficiente" que o imunizante desenvolvido nos Estados Unidos. No dia seguinte, fez uma retratação pública sobre a declaração. O ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, contatou a embaixada chinesa e procurou desfazer o que Guedes chamou de “mal-entendido”.

Diante do mal estar, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou, nesta quinta-feira, um requerimento para que a CPI da Covid convoque o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, para prestar esclarecimentos sobre a insinuação feita por Jair Bolsonaro de que o coronavírus teria sido criado em laboratório como parte de uma “guerra química“ promovida pela China.

Insumos

Segundo Tasso, a acusação feita por Bolsonaro foi uma das “mais graves e sérias” já feitas por um presidente.

— Se não for verdade, estamos fazendo uma injúria, uma calúnia ao maior fornecedor de vacinas resumiu o parlamentar.

A China está entre os parceiros mais importantes do Brasil no fornecimento de insumos para a produção de vacina. O Instituto Butantan aguarda a liberação de um lote de 3 mil litros de insumo da CoronaVac, previstos para chegar ao país em abril, para continuar a produção da vacina no país. Houve atraso na remessa. A expectativa é de que os insumos cheguem ao país até 15 de maio.

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