A contrarrevolução burguesa, vitoriosa com o golpe do impeachment, um novo tipo de golpe que pegou o governo petista desprevenido, obrigou o Partido dos Trabalhadores e todas as vanguardas populares a recuar e iniciar uma luta de resistência.
Por Val Carvalho - do Rio de Janeiro
Tenho ouvido de militantes petistas a mesma ladainha esquerdista que sempre acompanha a luta de classes no passado ou no presente, seja em momentos de avanço das lutas ou de derrotas e resistência.
A crítica política a essa ladainha esquerdista está basicamente no livro de Lênin, “Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo”. Até hoje, pouca coisa se acrescentou a essa tendência do radicalismo pequeno-burguês.
A contrarrevolução burguesa, vitoriosa com o golpe do impeachment, um novo tipo de golpe que pegou o governo petista desprevenido, obrigou o Partido dos Trabalhadores e todas as vanguardas populares a recuar e iniciar uma luta de resistência.
Uma tática que foi determinada pela relação de forças desfavorável, pois as massas tinham nos abandonado e precisávamos esclarecê-las politicamente para mobilizá-las novamente.
Pedestal
Esse esclarecimento foi ajudado por três fatores decisivos: o agravamento da recessão e do desemprego, as medidas antipopulares e antinacionais do governo golpista e a sua mais desenfreada corrupção.
Esses fatores funcionaram como a chave da memória política das massas que se voltaram para Lula como solução eleitoral contra os golpistas ou contra Temer, que é como elas personalizam o golpe.
A prisão de Lula só aumentou essa consciência politica; já popularmente verbalizada por meio do “Lula ganha a eleição mesmo preso”.
Num momento como este, em que estão criadas as condições para sairmos do nível da resistência e darmos um passo à frente na ofensiva democrática; vêm os esquerdistas dizer do alto de seu pedestal que “eleições não resolvem nada”. Se fosse assim não deveríamos lançar Lula como candidato.
Contra o golpe
Ora, isso é justamente o passo à frente na ofensiva política. Um preso político candidato à presidência da República; desafiando o sistema golpista. E tendo apoio popular e internacional. Nesse contexto, eleição não é ilusão; mas arma política.
Como ensinam as experiências das lutas de classes; devidamente registradas pelos clássicos do socialismo, as formas de luta correspondem ao nível determinado da consciência política das massas. E não apenas das vanguardas.
Quanto mais as massas estejam organizadas e mobilizadas, mais avançadas serão suas formas de luta. Vanguarda avançando sem massa não é vanguarda, mas um grupo voluntarista, que coloca o seu desejo no lugar da realidade.
Traduzindo: derrota inevitável!
Val Carvalho é articulista do Correio do Brasil.