Yasser Arafat concordou em transferir ao primeiro-ministro palestino, Ahmed Qurie, alguns poderes na área de segurança para amenizar a luta de poder entre palestinos, impulsionada pela pressão pública por reformas democráticas, disseram legisladores nesta terça-feira.
Segundo esses analistas, o primeiro-ministro Qurie vai retirar sua renúncia em troca do controle da polícia e da segurança interna, parte do aparato envolvido em caos e corrupção e vistos por mediadores como um obstáculo para o processo de paz com Israel.
A medida de Arafat, relatada por um comitê pró-reforma depois de um encontro com o presidente, foi tomada após uma explosão de manifestações sem precedentes contra a falta de reformas.
“Estas medidas vão pavimentar o caminho para Abu Ala (Qurie) retirar sua renúncia. O presidente Arafat concordou em cooperar totalmente com Abu Ala e seu governo para acabar com a crise”, disse à Reuters o legislador Hatem Abdel-Kader. Questionado por repórteres se acreditava que a crise seria resolvida nesta terça-feira, Qurie disse apenas que “assim esperamos”. O ministro das Negociações, Saeb Erekat, disse: “Esperamos que decisões reais sejam tomadas hoje (terça-feira) para colocar esta crise para trás.”
Qurie apresentou sua renúncia há 10 dias por não conseguir realizar reformas. Arafat, de 75 anos, ex-líder guerrilheiro que domina a política palestina desde os anos 1960, rejeitou a renúncia de Qurie e o premiê palestino concordou em esperar até a formação de um acordo de compartilhamento de poder.
“(Arafat) concordou em acelerar a medida de reformas para acabar com o Estado de falta de lei nos territórios palestinos”, disse Hana Ashrawi, legisladora que criticou seu governo de “um homem só”, antes do encontro do comitê com Arafat na noite desta segunda-feira.
Os mediadores liderados pelos Estados Unidos consideram as reformas palestinas, ao lado do alívio das ações militares contra militantes palestinos, medidas essenciais para reativar o plano de paz que promete a criação de um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, ocupadas atualmente por Israel.
A liderança de Arafat foi desafiada neste mês quando homens armados de sua facção, a Fatah, provocaram o caos em Gaza sequestrando autoridades palestinas e estrangeiras, exigindo reformas nas forças de segurança e em outras instituições.
Até agora Arafat fez apenas reformas cosméticas. Segundo o acordo de terça-feira, Arafat manterá o controle da segurança nacional e das forças de inteligência, que reúnem a maior parte das forças armadas.
Dois palestinos – pelo menos um deles militante do Hamas – morreram em confronto com tropas de Israel nos arredores da Cidade de Gaza. O Exército disse que soldados dispararam contra militantes que se preparavam para lançar um míssil contra um assentamento judaico na região.