Uma equipe de médicos franceses, entre eles especialistas em sangue, começaram a examinar o líder palestino Yasser Arafat, de 75 anos, nesta sexta-feira depois de sua internação no hospital militar Percy, em Calmart, a sudoeste de Paris. O governo palestino diz que Arafat está com sua saúde debilitada por causa de uma forte gripe, mas especula-se a possibilidade de o líder palestino estar com leucemia, devido informações apresentadas em seu exame de sangue feito quando ele ainda estava na Cisjordânia.
Seu estado de saúde tornou-se bastante delicado na última quarta-feira quando, após vomitar, ele desmaiou e teria ficado inconsciente durante dez minutos.
– Os médicos do hospital estão cuidando de Arafat. Nesse momento, ele está em seu quarto. Os médicos estão fazendo todos os exames necessários para estabelecer um diagnóstico – declarou Leila Shahid, representante da Autoridade Nacional Palestina (ANP) na França.
Ela disse ainda que o diagnóstico de Arafat só será conhecido dentro alguns dias.
O hospital em que Arafat está internado possui um moderno departamento de hematologia no qual pacientes com doenças causadas por problemas com sangue fazem tratamento. O Ministério da Defesa palestino confirmou que Arafat está sendo atendido por especialistas dessa área no hospital.
– Arafat está muito cansado, mas consciente e aliviado por estar aqui. Ele me pediu para agradecer às autoridades francesas e ao hospital pelo acolhimento. Ele está feliz por estar na França – afirmou Shahid, acrescentando que foi o primeiro-ministro palestino, Ahmed Korei, quem fez o pedido à França para receber Arafat.
Futuro no Oriente Médio
Há muitas dúvidas sobre qual será o caminho político e militar do Oriente Médio, após a morte de Mohammad Abdel Rauf Arafat al Qudwa al Husseini. Apontado como terrorista, dois anos confinado em seu próprio QG em Ramallah, Arafat já não significa nada para o governo de Ariel Sharon, premiê de Israel. Mas para o “restante” do Oriente Médio, sua imagem ainda significa muito. Especialmente entre a população árabe mais pobre, confinada em enormes campos de refugiados.
Além disso, o centralizador e autoritário Arafat não deixa sucessor. Mas, sabe-se: seja quem for ele, terá de se sujeitar a conversar com Israel em situação de grande inferioridade econômica, militar, política e diplomática.
Viagem
Dois helicópteros da força aérea jordaniana transportaram o adoecido líder palestino do quartel-general de Ramallah, na Cisjordânia, para a capital Amã, capital da Jordânia. De lá, Arafat partiu rumo a Paris [França] a bordo de um avião cedido pelo governo francês, que aterrissou no aeroporto de Villacoublay, nas cercanias de Paris, por volta das 13h30 (8h30 de Brasília) de hoje.
Lentamente, o líder palestino embarcou a pé no, acompanhado de sua mulher, Suha, 42 –que vive em Paris com a filha do casal, de 9 anos, e que não via seu marido desde 2001.
– Se Deus quiser estarei de volta – afirmou Arafat a assessores antes de embarcar.
O líder palestino viajou deitado numa maca dentro do avião. O assessor Mohammad Rashid disse que Arafat parecia ter melhorado, acrescentando que os próximos dias serão decisivos.
Arafat passa por bateria de exames na França
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Publicado sexta-feira, 29 de outubro de 2004 as 15:35, por: CdB