‘Arapongagem’ da Abin custa caro para o ministro da Justiça

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Publicado segunda-feira, 17 de agosto de 2020 as 19:00, por: CdB

O ministro se negou a entregar o dossiê ao STF. Mas teve que disponibilizar cópia do documento à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso.

Por Redação, com RBA – de Brasília

O Supremo Tribunal Federal (STF) prepara-se para julgar, nesta quarta-feira, uma ação que questiona o Ministério da Justiça pela produção de um dossiê contra servidores públicos ligados a movimentos antifascistas. O documento, de mais de 400 páginas, contêm informações pessoais de servidores federais e estaduais da área de segurança, além de professores universitários.

André Mendonça era advogado da União desde 2000 e assumiu o Ministério da Justiça logo após a demissão de Sérgio Moro

Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) movida pelo partido Rede. Segundo o senador Randolfe Rodrigues (AP), caso confirmadas as violações a direitos individuais fundamentais, o ministro da Justiça, André Mendonça, e os integrantes da Secretaria Operações Integradas (Seopi) devem responder a inquérito criminal.

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O ministro se negou a entregar o dossiê ao STF. Mas teve que disponibilizar cópia do documento à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso, confirmando sua existência.

— É uma das maiores ofensas contemporâneas à Constituição de 1988. Esse dossiê fere de morte princípios sensíveis previstos no art. 5º da Constituição, como a liberdade de expressão, de organização e de associação — afirmou Randolfe à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA).

Em reunião com os parlamentares integrantes da comissão, na semana passada, o ministro chamou de “relatório” o compilado ilegal de informações. Nesta terça-feira, entretanto, deputados e senadores devem ter acesso ao conteúdo do material. Se não houver informações sensíveis que justifiquem o sigilo, Randolfe afirmou que vai pedir que o seu conteúdo seja tornado público.

— O que essa secretaria (a Seop) devia estar monitorando, e não monitora, são milícias do Rio de Janeiro. O que devia estar monitorando eram ações de organizações criminosas, e não a atuação livre de cidadãos — criticou o senador, em entrevista a Talita Galli e Ana Flávia Quitério.

Cassação

Além disso, outro dossiê, com a mesma finalidade de perseguir opositores do atual governo, foi produzido pelo deputado estadual Douglas Garcia (PTB-SP). Em depoimento à Justiça, ele afirmou que, na companhia do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), entregou cópia do documento à embaixada dos Estados Unidos.

Confirmada essa informação, Randolfe afirmou que, como resultado, o seu partido vai pedir a cassação de Eduardo.

— Trata-se de prestar informações reservadas de cidadãos brasileiros a um governo estrangeiro. É um crime de traição, passível de cassação do mandato. Aliás, é indecente esse rapaz continuar como deputado federal — concluiu.

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