Giorgio Armani anunciou na quarta-feira que irá enfrentar os franceses no próximo mês, quando montar seu primeiro desfile de alta-costura em Paris.
O estilista italiano de 70 anos chega ao cenário da alta-costura justamente quando nomes já famosos nessa área, como Emanuel Ungaro e Versace, desistiram de criar suas coleções extremamente caras que levavam milhares de horas de trabalho para serem feitas e contavam apenas com um pool minúsculo de clientes.
A coleção “Giorgio Armani Atelier” será exibida a 300 convidados, fora do calendário oficial de desfiles, durante a semana de alta-costura, em janeiro. Com isso, é certo que Armani, um “outsider” em Paris, será a novidade mais quente da cidade.
Apenas membros ou associados da câmera de moda francesa, que fixa regras rígidas relativas à produção de alta-costura, são autorizados a expor suas coleções no calendário oficial dos desfiles semestrais.
As maisons de alta-costura francesas vêm vestindo princesas e celebridades há cem anos, mas no último ano o futuro da alta moda vem sendo questionado, à medida que as grifes foram enxugando ou fechando as portas de suas oficinas altamente especializadas.
Em janeiro, Ungaro, Versace e Givenchy resolveram abrir mão dos desfiles caros, optando, no lugar disso, por desfiles pequenos realizados em seus showrooms privados. Acabou acontecendo que esses foram os últimos desfiles de Versace e Ungaro, que encerraram suas atividades na alta-costura, preferindo focalizar o prêt-à-porter.
Mas, Armani, cujo estilo de prêt-à-porter frequentemente é questionado pela imprensa especializada em moda, ainda possui nome e fama suficientes para atrair as poucas clientes remanescentes que ainda se dispõem a pagar mais de 10 mil euros por um vestido.
Embora alguns especialistas em moda achem que a tendência futura da moda é o casual, os ternos elegantes e os belíssimos vestidos de noite de Armani já ocupam um espaço cativo nos guarda-roupas de algumas poucas mulheres em todo o mundo que sempre farão questão de se vestir bem.
A alta-costura é um passo lógico na construção do império de Armani.
A grife do estilista começou contando com apenas duas pessoas. Hoje, é um negócio que movimenta bilhões de dólares e que produz desde ternos até sofás. Com a alta-costura, disse Armani, o que ele visa é “capturar o ápice do mercado de luxo”.
No desfile de sua coleção de prêt-à-porter, em Milão, em setembro, Armani exibiu vários vestidos glamourosos feitos de camadas de seda com bordados minuciosos, milhares de flores aplicadas e abundância de paetês.
“Parece ser uma progressão natural ampliar este ponto de vista para a coleção Giorgio Armani Atelier e levá-la a Paris”, disse o estilista.