Ouço - até mesmo de personalidades esclarecidas - defesas do parlamentarismo. Cuidado. Não fechemos os olhos e ouvidos para as experiências acumuladas.
Por Maria Fernanda Arruda - do Rio de Janeiro
François Busnel, seguramente um dos cultos apresentadores de televisão do mundo ocidental; entrevistou Toni Morrison, cuja imensa obra é pouco conhecida no Brasil apesar de incluir a belíssima A Origem dos Outros (tradução minha).
O romance Amada rendeu-lhe o Prêmio Nobel de Literatura em 1993; e este pode ser lido em português nas nossas teimosas livrarias conservam alguns exemplares. Negra, 87 anos, repete sempre: “mais Cuidado com os Colégios Eleitorais. Nos Estados Unidos eles foram criados para manter a supremacia branca”.
Ouço - até mesmo de personalidades esclarecidas - defesas do parlamentarismo. Cuidado. Não fechemos os olhos e ouvidos para as experiências acumuladas. Antes é necessário saber quem propõe, Analisar quais interesses defende. Relacionar a tropa parlamentar arremetida às Tribunas da Câmara e do Senado; aos palanques, aos espaços abertos na mídia e regiamente pagos para serem gratuitos. Avaliar cada um e desvendar por quem dobram suas palavras.
Experiências
Nossa tradição política, escolhida em Plebiscito, é o presidencialismo. Mesmo neste Estado destinado ao ‘toma-lá-dá-cá’. Alguns poderão indagar: Por quê não? Por que deixar para depois? No desenho dos tempos atuais, bem no coração; o homem de multiplicada preferência dos eleitores encontra-se preso.
Sim, o nosso Mandela, o Mandiba pernambucano; encontra-se encarcerado a mando imperial e obediência subserviente. É verdade, ele pode candidatar-se mesmo preso; ser votado e eleito. Mas não enxergo no horizonte fardado sequer a sombra de um General Lott; para lhe garantir a posse e espantar as viúvas derrotadas.
Enquanto Lula permanecer isolado do povo, suas ideias persistirão voejando pelos céus brasileiros. No entanto, ideias não assumem o interior dos Palácios brasiliense; nem vaza as vidraças do Alvorada e do Jaburu; ambos irregular e ilicitamente ocupados por usurpadores guiados pelos cofres do capital financeiro. Esta banca que surrupia o esvaziado bolso do povo a juros e everestianos de 300% até 800% ao ano.
Cuidado, muito cuidado. “Quem avisa amigo é”. Recuperemos até mesmo este encardido refrão.
Maria Fernanda Arruda é escritora e colunista do Correio do Brasil.