Marielle, de 38 anos e criada na favela da Maré, foi alvejada dentro do carro em que estava com outras duas pessoas por atiradores que estavam em outro carro. O motorista do veículo da parlamentar também morreu, e uma assessora da vereadora ficou ferida
Por Redação, com Reuters - do Rio de Janeiro:
A vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), ativista dos direitos humanos e que denunciava abusos em ações da polícia em favelas locais, foi morta a tiros na noite de quarta-feira na Zona Norte da cidade, mesmo com o Estado sob intervenção federal na área de segurança pública.
Marielle, de 38 anos e criada na favela da Maré, foi alvejada dentro do carro em que estava com outras duas pessoas por atiradores que estavam em outro carro. O motorista do veículo da parlamentar, Anderson Pedro Gomes, de 39 anos também morreu, e uma assessora da vereadora Fernanda Chaves, ficou ferida.
O caso ocorreu no bairro do Estácio e o autor dos disparos fugiu. A motivação do crime está sendo investigada pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio.
- A atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será honrada na continuidade de sua luta. Exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos! - disse o PSOL em nota.
Um dia antes de morrer, a vereadora escreveu no Twitter mensagem com crítica à violência. “Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”.
O assassinato de Marielle ocorreu apesar de o Estado do Rio estar sob intervenção federal na área de segurança pública desde o mês passado devido a uma escalada da violência e a uma profunda crise financeira que afetou a capacidade de investimento nas forças policiais.
O governo federal
O governo federal informou, por meio de nota da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, que acompanhará toda a apuração do assassinato da vereadora, e que o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, colocou a Polícia Federal à disposição para auxiliar em toda investigação.
A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional cobrou uma “investigação imediata e rigorosa” do caso. “Marielle Franco é reconhecida por sua histórica luta por direitos humanos, especialmente em defesa dos direitos das mulheres negras e moradores de favelas e periferias e na denúncia da violência policial. Não podem restar dúvidas a respeito do contexto, motivação e autoria do assassinato de Marielle Franco”.
Reações indignadas
O assassinato da vereadora provocou reações indignadas e muita tristeza. Parlamentares e lideranças políticas se manifestaram através das redes sociais. A vereadora, cuja atuação foi marcada pela defesa dos direitos humanos e contra abusos policiais, foi executada no centro do Rio de Janeiros depois de participar de uma roda de conversa denominada Mulheres Negras Movendo Estruturas.
- Extremamente chocada (...) Tristeza demais - afirmou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ao tomar conhecimento doa assassinato da vereadora Marielle Franco. A deputada definou a vereadora como “uma menina empoderada, com brilho próprio, repleta de sonhos e vereadora com um ano de trabalho. É difícil de acreditar”. Solidária, Jandira desejou força aos familiares e amigos de Marielle, assim como seus e companheiros de jornada do PSOL.
A deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) também se manifestou através das redes sociais. A parlamentar comunista se disse “chocada e triste”e enviou um abraço à família e aos companheiros e companheiras do PSOL. Manuela enfatizou que “ninguém vai calar as mulheres que lutam” e exigiu apuração já!