Assassinato de deputada britânica pode influenciar Brexit

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Publicado Sexta, 17 de Junho de 2016 às 08:23, por: CdB

O referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE será realizado em 23 de junho. Conforme as pesquisas, o número de apoiantes e de adversários da permanência do Reino Unido na União Europeia é praticamente igual

Por Redação, com agência internacionais - de Londres/Lisboa:

O assassinato de uma deputada inglesa do Partido Trabalhista não foi nada bom para a campanha do referendo sobre a questão do Brexit (saída do Reino Unido da UE) e mostra o descontentamento dos cidadãos em relação ao Governo do Reino Unido.

A deputada trabalhista do parlamento britânico Helen Joanne Cox ("Jo" Cox) foi baleada e esfaqueada no condado de West Yorkshire na quinta-feira por um presumível apoiante do Brexit, Tommy Mair, o que levou à suspensão de ambas as campanhas 'a favor' e 'contra' nas vésperas do referendo do dia 23 de junho.

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A deputada trabalhista do parlamento britânico Helen Joanne Cox ("Jo" Cox) foi baleada e esfaqueada no condado de West Yorkshire

É pouco claro se o referendo foi ou não o motivo principal do assassinato, visto que o homem terá problemas mentais. No entanto, o incidente deu uma nova dimensão ao controverso debate, que tem dividido as opiniões no Reino Unido.

– Nós paramos todas as ações de campanha durante este dia – escreveu o representante oficial de campanha do 'não' no seu Twitter logo depois do incidente. "Os nossos pensamentos estão com Jo Cox e sua família".

A companha 'a favor' do Brexit também parou temporariamente. Os analistas acreditam que o assassinato pode aumentar a simpatia dos eleitores pelo campo pró-europeu.

A pausa na campanha está favorecendo os adversários do Brexit, disse Lyudmila Babynina, chefe do Centro de Integração Política da UE do Instituto da Europa (Academia das Ciências da Rússia).

– É difícil dar uma resposta definitiva, mas parece-me que esta 'pausa' favorece os apoiantes da permanência da Grã-Bretanha na UE. Isto, em primeiro lugar, porque a deputada assassinada segue estas ideias e, em segundo, porque a campanha contra a saída apela às emoções, e a do Brexit apela à argumentação e à razão – disse Babynina.

No início desta semana, várias pesquisas, incluindo uma que posteriormente se verificou ser uma brincadeira, indicam que o Brexit tem mais apoio que a permanência do país na UE.

A especialista está convencida de que sem um "recheio emocional" a companha dos apoiantes do Brexit "não será tão eficaz e ativa". "Portanto, é possível que a ausência de uma atividade permanente dê alguma contribuição, as pessoas param, pensam em silêncio – e o número de apoiantes da permanência (do Reino Unido na UE) continuará aumentando", disse Babynina.

O referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE será realizado em 23 de junho. Conforme as pesquisas, o número de apoiantes e de adversários da permanência do Reino Unido na União Europeia é praticamente igual.

Parlamento português

A Assembleia da República de Portugal manifestou nesta sexta-feira a "inequívoca e veemente condenação" do atentado contra a deputada britânica Jo Cox, assassinada na quinta durante um ato de campanha no âmbito do referendo sobre a permanência do país na União Europeia.

– Caso se confirmem os contornos políticos deste incidente, este ato representará um atentado contra um dos mais elementares pilares e preceitos democráticos que fundamentam todos os estados de direito: a liberdade de expressão – diz o voto.

O assassino teria gritado "Grã-Bretanha primeiro" ou "Reino Unido em primeiro lugar", o que leva os veículos de comunicação a interrogarem-se sobre a motivação, com alguns especulando o tom agressivo da campanha.

O voto de condenação e pesar foi apresentado por todas as bancadas e pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, que o leu, manifestando "o profundo pesar à família da vítima, aos seus pares na Câmara dos Comuns, ao Partido Trabalhista, às autoridades do Reino Unido e ao povo britânico".

Apesar de estarem ainda investigando as razões que terão motivado o atentado contra a deputada britânica, "testemunhas apontam para a possibilidade de o responsável por este crime ter gritado palavras de ordem associadas à extrema-direita".

– O Parlamento português não se envolve, enquanto tal, em referendos ou atos eleitorais realizados noutros países, mas não fica, nem pode ficar, indiferente a um ataque covarde à liberdade e à vida de uma representante do povo – discursou Ferro Rodrigues.

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