Assassinatos de meninos em São Luiz serão investigados após pressão da OEA

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Publicado terça-feira, 16 de outubro de 2001 as 17:56, por: CdB

A castração e o assassinato de vinte garotos pobres do Maranhão, nos últimos anos, está finalmente chamando a atenção das autoridades, diz o diário londrino Independent, na sua edição desta terça-feira. Depois que a mais recente vítima de um suposto ritual de magia negra foi castrada e assassinada na semana passada, o ministério da Justiça brasileiro decidiu intervir exigindo uma rigorosa investigação no estado do Maranhão, onde os crimes vem acontecendo. Grupos de proteção à infância pediram a intervenção da OEA, que pressionou o governo brasileiro a reabrir os casos.

As autoridades determinaram que a polícia reabra as investigações e solucionem o mistério dos garotos mortos, todos com idade entre 9 e 14 anos e moradores de favelas de São Luis. Nesse ex-porto de escravos, a variante brasileira do vodu, a macumba, tem muitos seguidores. Fitas e cera de velas pretas foram encontradas perto de alguns dos corpos mutilados.

Os ritos envolvendo sacrifícios acontecem sobretudo entre os meses de setembro e dezembro e os pais estão preocupados pelo fato de os assassinos estarão à solta.

Joisiane Gamba, advogada de um grupo local de proteção à infância, diz que os indícios são de que se trata de trabalho de um grupo e na maioria dos casos as vítimas foram sacrificadas em um ritual de magia negra.

A mais recente vítima, Welson Frazão Serra, de 13 anos, saiu para caçar ratos num terreno de uma obra e nunca voltou para casa. A polícia achou seu corpo nu, virado de bruços e coberto por folhas de palmeira, perto de duas lâminas sujas de sangue. O dedo médio de sua mão direita e os testículos tinham sido decepados.

O pouco empenho da polícia em elucidar os casos levou grupos de defesa dos direitos infantis a entrarem, em julho, com uma petição para que a OEA intervenha. Agora, detetives da polícia federal vão ajudar nas investigações, a segurança nas favelas será reforçada e as famílias que perderam filhos receberão indenizações.

James Cavallaro, diretor do grupo Global Justice diz que, apesar da gravidade dos casos, a investigação foi mínima e a prova disso é que existem 20 cadáveres e nenhum culpado. Parece que pelo fato de as famílias dos meninos serem pobres, não vale a pena o esforço de caçar os criminosos”.