Aumentou a concentração de renda no Brasil

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado sexta-feira, 10 de outubro de 2003 as 15:14, por: CdB

A Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD/IBGE) 2002, divulgada hoje, revela que os poucos postos de trabalho abertos em 2001 e 2002 serviram apenas como estratégia de sobrevivência precária. Os dados mostram que, no período, 96,3% das ocupações geradas no país foram para pessoas não-remuneradas ou com renda inferior a um salário mínimo.

Além disso, a renda ficou ainda mais concentrada. No ano de 2002, os 10% mais ricos recebiam uma renda 58,7 vezes superior à renda dos 10% mais pobres. Em 1995, no imediato pós-Plano Real, esta proporção era de 47 vezes.

– Desemprego ou empregos precários e mal remunerados. Este é o resultado de uma década sem crescimento econômico sustentado. Isso porque o ajuste do mercado de trabalho tem se dado pela ocupação precária. O trabalhador brasileiro, neste cenário, acaba sendo forçado a fazer uso de várias estratégias de sobrevivência, inserindo-se em atividades de baixa renda e altamente instáveis – afirma o secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo, Marcio Pochmann.

Percebe-se ainda que o perfil das ocupações abertas concentrou-se:

Como o Censo é decenal, a PNAD é a única base de dados para o conjunto do país. Com a divulgação dos dados da PNAD 2002, algumas facetas do mundo do trabalho no Brasil podem ser reveladas. Em primeiro lugar, num contexto de queda da renda média real, e de escassez de empregos, prevalecente durante toda a década passada, o desemprego aberto (pessoas que procuraram trabalho e não realizaram nenhuma atividade econômica) perde parte do seu potencial explicativo. De fato, a taxa de desemprego caiu de 9,4% para 9,2% de 2001 para 2002, enquanto o número de desempregados se ampliou em 45 mil pessoas.

Nesse sentido, a compressão da renda do trabalho tem aumentado a importância do salário mínimo. A Pnad 2002 demonstra que 78,3% dos ocupados recebem até 3 salários mínimos.
Resumindo: o desemprego continua alto no Brasil, mas o problema do mercado de trabalho, face à inexistência de políticas amplas de proteção social ao desempregado, tem-se deslocado cada vez mais para a precariedade do emprego e a insuficiência de renda. Adicionalmente, qualquer política de combate à pobreza ou geração de empregos no país deve ser capaz de atacar o problema da extrema concentração da renda e da riqueza.