Publicado Segunda, 12 de Novembro de 2018 às 09:13, por: CdB
Autoridades australianas identificam suspeita como supervisora de fazenda que produz a fruta. Ela está presa sem direito à fiança, após crise que abalou produtores do país.
Por Redação, com DW - de Queensland
Uma mulher detida na Austrália sob suspeita de envolvimento em mais de 200 casos registrados de agulhas inseridas em morangos comercializados no país foi identificada nesta segunda-feira pela polícia de Queensland como My Ut Trinh, de 50 anos. Ela era supervisora de uma fazenda que produz as frutas.
Escândalo abalou indústria do morango na Austrália e levou muitos consumidores a evitarem o produto
Trinh foi alvo de sete acusações associadas ao caso. Ela compareceu perante um tribunal nesta segunda-feira, onde teve a negado o direito à liberdade sob fiança após os promotores expressarem preocupação com possíveis interferências junto às testemunhas e afirmarem que ela poderia sofrer retaliações públicas por suas ações.
A juíza Christine Roney disse que, embora a promotoria tenha afirmado que a acusada teria agido motivada por sentimentos de rancor e vingança, ela não concederia a liberdade sob fiança até que as razões pela qual ela cometido o crime fossem esclarecidas.
O detetive superintendente da polícia de Brisbane, Jon Wacker, disse que houve 230 relatos em todo o país de morangos contaminados envolvendo 68 marcas diferentes em seis Estados do país e chegando até a Nova Zelândia. O Estado australiano mais afetado foi o de Queensland com 77 casos, dos quais 15 foram considerados como denúncias falsas.
A indústria do morango no país, que movimenta US$ 116 milhões anualmente, foi abalada pelo escândalo, que levou muitos consumidores a evitarem o produto. Várias das principais cadeias de supermercados removeram as frutas das prateleiras, fazendo com que alguns produtores tivessem que jogar fora parte da produção em meio a alertas sobre uma série de falências no setor.
A Associação dos Produtores de Morango de Queensland disse que a crise foi "gerada pelas mídias sociais", e que as "verdadeiras vítimas" foram os produtores e os exportadores.
Trinh é uma refugiada vietnamita que chegou de barco ao país há cerca de 20 anos e se tornou cidadã australiana. Ela trabalhava como supervisora dos apanhadores de frutas na fazenda Berrylicious, ao norte de Brisbane, quando supostamente inseriu agulhas nas frutas entre os dias 2 e 5 de setembro.
A acusada permanecerá sob custódia até sua próxima aparição perante o tribunal, no dia 22 de novembro. Se condenada, ela poderá receber pena de dez anos de prisão, após o governo australiano ter reforçado as punições para esse tipo de crime, numa tentativa de conter a crise. O país também passou a considerar as denúncias falsas como ações criminosas.