A austríaca Natascha Kampusch, de 18 anos, que passou oito anos em cativeiro, vai aparecer pela primeira vez numa entrevista concedida a uma emissora de televisão na quarta-feira, afirmou seu conselheiro, Dietmar Ecker.
Desde que ela fugiu do seu cativeiro, numa cidadezinha nos arredores de Viena, e que seu sequestrador se suicidou, nenhuma foto de Natascha foi publicada, provocando grande especulação por parte da imprensa.
– Discutimos a questão por muito tempo e, pessoalmente, acho que ela devia ficar mais protegida – disse o conselheiro da adolescente.
– Mas depois conversei com a imprensa internacional e eles disseram com todas as letras: “Se ela ficar escondida, os fotógrafos vão caçá-la até conseguir a primeira foto” – explicou.
Na entrevista, que já foi gravada e que deve ser transmitida pela TV estatal austríaca às 15h15, pelo horário de Brasília, a adolescente vai mostrar o rosto, mas vai esconder o cabelo para poder mudar de aparência depois, disse Ecker.
Os detalhes de um dos crimes mais chocantes da Áustria hipnotizaram o país desde que Natascha escapou de seu sequestrador, Wolfgang Priklopil, enquanto ele atendia a um telefonema em sua casa em Strasshof, a cerca de 25 Km de Viena.
A polícia já disse que a menina manteve “contato sexual” como o técnico em comunicações de 44 anos, mas não deu mais detalhes. Psicólogos disseram que a jovem possui profundas cicatrizes emocionais.
Ecker disse que Natascha quer contar sua história pessoalmente a todos os austríacos que se preocuparam com ela quando ela foi sequestrada e que comemoraram sua fuga. Ela decidiu dar a entrevista à emissora estatal ORF, de longe a que tem maior audiência no país.
Natascha, que tinha apenas 10 anos de idade quando foi sequestrada e trancada num aposento sem janelas da casa de Priklopil, contou ao jornalista que tentou em vão chamar a atenção das pessoas uma vez, quando foi a uma loja junto com o sequestrador.
A adolescente também concedeu entrevistas à revista News e ao jornal Kronen-Zeitung, em troca de um pacote que inclui uma oferta de emprego, colaboração com seus estudos e ajuda habitacional.
Desde sua fuga, Natascha vem sendo protegida do público e ajudada por vários especialistas, para que ela possa lidar com o incrível assédio da mídia.