Autor de “Fahrenheit 451” exige desculpa de Moore

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Publicado sábado, 19 de junho de 2004 as 19:23, por: CdB

O escritor Ray Bradbury exigiu uma desculpa do cineasta Michael Moore. Em seu novo filme, Moore usou o nome do clássico livro de ficção ciêntifica Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, sem sua permissão. Bradbury quer que o novo documentário de Moore, Fahrenheit 9/11, receba um novo título.

“Ele não solicitou minha permissão”, disse Bradbury, de 83 anos. “O livro não é dele, o título não é dele, então ele não devia ter feito isso”. O livro de 1953, considerado a obra-prima de Bradbury, retrata uma sociedade futurista em que o corpo de bombeiros queima moradias e bibliotecas para destruir os livros e evitar que o povo tenha um pensamento independente.

Fahrenheit 451 recebeu esse título porque Bradbury menciona na obra que os livros são queimados a essa temperatura. Moore diz que Fahrenheit 9/11, que faz alusão à data dos atentados do 11 de setembro do 2001 nos Estados Unidos, é “a temperatura em que é queimada a liberdade”.

Seu filme, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes, denúncia que o governo do presidente George W. Bush atuou de forma inepta antes dos atentados terroristas, e depois aproveitou o temor do povo para obter apoio a favor da guerra contra o Iraque. O filme estréia na próxima sexta-feira nos Estados Unidos.

Bradbury, que não tinha visto o filme, disse que contatou (seis meses atrás) a companhia de Moore para protestar pelo título. Ele diz que lhe prometeram que Moore iria atender seu pedido. A resposta chegou no último sábado, contou Bradbury. Segundo o escritor, Moore disse que estava “envergonhado”. “De repente ele se deu conta de que tinha deixado passar muito tempo”, contou o Bradburry.

Bradbury, quem se considera politicamente independente, disse que irá evitar entrar na justiça, pois espera “arrumar isto como cavaleiros. Se ele me der a mão, e me devolver meu livro e meu título”.