O avião da Força Aérea Brasileira enviado para buscar o presidente deposto do Equador, Lucio Gutiérrez, e sua família, na madrugada desta sexta-feira, não obteve autorização para pousar em Quito e retornou à base de Porto Velho, em Rondônia, onde a tripulação aguarda uma nova ordem para decolar.
Na quarta-feria, o ex-dirigente teve atendido seu pedido de asilo diplomático, o que lhe permitiu hospedar-se na embaixada brasileira. Na manhã desta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu asilo territorial a seu ex-colega equatoriano.
Gutierrez está asilado na embaixada do Brasil em Quito desde quarta-feira, quando foi deposto pelo Congresso. Em sua companhia, estão a ex-primeira-dama, Ximena, e as filhas Carina e Viviana, de 15 e 20 anos. O governo brasileiro mantém as negociações para que os quatro possam se deslocar da embaixada para o aeroporto de Quito, de onde serão levados para local ainda ignorado em solo brasileiro.
O Itamaraty informou que Lula conversou nesta quinta-feira por dez minutos com o embaixador brasileiro em Quito, Sérgio Florêncio. Lula também falou duas vezes, por telefone, com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Contrariados com a decisão do governo brasileiro, dezenas de equatorianos passaram a noite em frente à Embaixada do Brasil em Quito para protestar contra a medida. Muito carregavam bandeiras do país e gritavam palavras de ordem contra o presidente destituído.
Florêncio espera que o governo equatoriano não crie dificuldade para a concessão do passe livre ao ex-presidente. O ex-presidente não tem parentes no Brasil. Em 1980, Lúcio, que é coronel da reserva, fez um curso de um ano na Escola de educação Física do Exército, no Rio de Janeiro.
Florêncio, que tem ficado praticamente todo o tempo ao lado de Gutierrez, tratando de providências e medidas burocráticas e logísticas, como a adequação de passaportes, disse ao Globo que o ex-presidente está bastante abalado.
Ele estaria inconformado, por exemplo, com o fato de o Congresso de seu país ter decretado a vacância do cargo. Mas já foi devidamente orientado a não falar com a imprensa, uma das regras previstas no asilo diplomático.