Em convenção democrata, presidente admite divisão no partido e que ex-secretária de Estado cometeu erros. Mas faz defesa ferrenha de sua candidatura e afirma que demagogos ameaçam valores norte-americanos
Por Redação, com DW – de Washington:
O discurso do presidente norte-americano, Barack Obama, na convenção democrata na Filadélfia terminou com uma surpresa na quarta-feira: após pedir apoio para a candidata à Casa Branca pelo partido, Hillary Clinton, ela subiu ao palco, e, sem dizerem nada, os dois se abraçaram calorosamente.
Antes do gesto amigável, o presidente havia defendido Hillary como a melhor alternativa para defender a democracia de “demagogos internos”, em referência a Donald Trump. Ele admitiu que os democratas ainda estão divididos e que a ex-secretária de Estado “cometeu erros”. Mas disse que nunca houve alguém “tão qualificado” quanto ela para assumir a presidência dos EUA.
– Qualquer um que ameace nossos valores, sejam facistas, comunistas, jihadistas ou demagogos internos, vai fracassar no final – afirmou Obama.
Obama remeteu aos quatro anos em que a recém-nomeada candidata democrata comandou o Departamento de Estado, afirmando que, mesmo em situações de crise, ela escuta as pessoas, mantém a calma e trata todos com respeito. Mesmo em situações adversas ela nunca desiste, disse.
O presidente destacou que Hillary tem “planos concretos” para romper barreiras sociais e melhorar as chances de todos os cidadãos do país.
Ao mesmo tempo, ele acusou Trump de não ter conceitos definidos para ocupar o cargo. “Ele oferece apenas slogans. E medo”, disse Obama. Segundo o presidente, na convenção republicana da semana passada, o agora candidato do partido não apresentou “soluções para problemas urgentes”. O evento, afirmou, foi dominado por “ressentimento, recriminações, raiva e ódio”.
O vice-presidente Joe Biden também criticou Trump duramente. “Não podemos votar num homem que explora nossos temores perante o ‘Estado Islâmico’, mas que não tem plano algum para nos deixar mais seguros. Um homem que adota as táticas de nossos inimigos – tortura, intolerância religiosa”, disse. “Isso trai nossos valores.”
Tim Kaine, escolhido pelo Partido Democrata como candidato à vice-presidência, também se manifestou sobre o rival de Hillary. “Tem alguém que acredita nele? Ele nunca diz como pretende fazer o que propõe.”
O ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, antes republicano e hoje independente, alertou para os perigos representados por Trump, manifestando apoio à candidata democrata. “Há momentos em que não concordo plenamente com Hillary Clinton, mas precisamos deixar todas as diferenças de opinião de lado para o bem do nosso país”, afirmou. “E precisamos apoiar a candidata que pode derrotar um perigoso demagogo.”
Hillary foi nomeada oficialmente candidata do Partido Democrata nesta terça-feira. Ela é a primeira mulher a concorrer à Casa Branca por um dos dois grandes partidos do país.