Battisti, se extraditado, vai caminhar para morte

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Publicado Quinta, 12 de Outubro de 2017 às 09:19, por: CdB

A extradição de Battisti é comparada ao suplício da dirigente comunista Olga Benário Prestes, entregue aos nazistas para morrer na câmara de gás.

 
Por Redação - de São Paulo

 

Entregar o escritor italiano Cesare Battisti ao governo italiano significa uma sentença de morte. Seria uma segunda decisão criminosa de um governo instalado sem o voto popular. O primeiro ocorreu em meados do século passado, com a extradição da dirigente comunista Olga Benário Prestes, mulher do líder Luiz Carlos Prestes.

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O escritor Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana

Segundo Battisti afirmou, nesta quinta-feira, sua extradição significaria lhe "entregar à morte". A declaração ocorre em meio aos rumores de que o presidente Michel Temer já teria decidido expulsá-lo para a Itália. Ele foi condenado à prisão perpétua durante um julgamento polêmico, no qual respondeu, à revelia, por quatro homicídios.

— Não sabemos em que se baseia o gabinete jurídico da Presidência para que eu possa ser extraditado. Não sei se o Brasil vai querer se manchar sabendo que o governo e a mídia criaram este monstro na Itália. Vão me entregar à morte — disse, a jornalistas.

'Tudo preparado'

O italiano também negou que estivesse tentando fugir para a Bolívia, país onde tentara entrar com o equivalente a mais de R$ 20 mil em moeda estrangeira, e reafirmou que seu objetivo era comprar roupas de couro no país vizinho.

— Estava indo com dois amigos pescar. Um de nós já havia ido lá, conhecia, e decidimos ir em um shopping para comprar casacos de couro, que são mais baratos, vinhos e material para pescar. Foi uma besteira porque a informação que eu tinha era que o shopping não estava em território boliviano, estava numa zona franca — declarou.

Segundo Battisti, "estava tudo preparado" para prendê-lo.

— Uma festa na delegacia. Estavam bem contentes, dançavam. Estavam convencidos de que de lá eu iria para a Itália, que não me soltariam — acrescentou.

Algo monstruoso

O escritor ainda disse que o dinheiro apreendido pela PF não era só dele, mas também dos dois amigos que o acompanhavam.

— Se fosse sair do país, não iria para a Bolívia. Tenho mais relações no Uruguai. É um país um pouco mais confiável — reforçou Battisti.

Ele voltou a negar participação em qualquer assassinato.

— O que mais me preocupa é a ideia de que não vou mais ver meu filho se acontecer isso (a extradição). Ele vai fazer quatro anos no dia 13 de novembro. Outra coisa horrível é que não se pode dar a possibilidade a uma pessoa de se reproduzir e se criar em um país legalmente e de repente tirar tudo. Que é isso? É uma coisa horrível. É monstruoso. Não sou clandestino, não estou cometendo atos ilícitos — concluiu.

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