O primeiro turno das eleições presidenciais acontecerá no dia 7 de outubro, em um cenário polarizado e ainda sem certeza sobre uma possível participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por Redação, com Reuters - de Brasília
O alto volume de reservas em dólar, a inflação baixa e a redução de contratos de swaps cambiais são algumas ferramentas que permitem ao Banco Central lidar com “qualquer cenário” de volatilidade nos mercados durante o período eleitoral deste ano, disse o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, nesta terça-feira.
— Estamos preparados para qualquer cenário neste ano — disse a autoridade monetária em entrevista a uma rádio paulistana.
O primeiro turno das eleições presidenciais acontecerá no dia 7 de outubro, em um cenário polarizado e ainda sem certeza sobre uma possível participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região julgará um recurso do petista no dia 24 de janeiro contra condenação no caso do tríplex do Guarujá.
Copom
Em meio a um ciclo de afrouxamento dos juros que levou a taxa básica Selic à mínima histórica de 7% em dezembro, o BC sinalizou que há espaço para mais um corte na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de fevereiro; mas também avalia um volume maior de incertezas “quando se compara à situação vivida nas reuniões passadas”, afirmou.
— Sinalizamos que há possibilidade de uma redução moderada da flexibilização monetária, mas também falamos que tem mais incerteza dessa vez — disse.
Goldfajn citou, ainda, a ata da última reunião do Copom.
— Vamos avaliar, tendo aí um mês e pouquinho para a decisão, vamos ver aqui como é que rola a conjuntura econômica — disse.
Meta de inflação
A aprovação de ajustes e reformas, em especial as mudanças na Previdência Social atualmente em discussão no Congresso, permitem uma queda na taxa de juros estrutural da economia. Consequentemente, disse o presidente do BC na entrevista, abre mais espaço para a atuação do Copom.
— É sempre importante o governo, o Congresso, todo mundo avançar nas reformas, nos ajustes. O juro estrutural da economia fica menor quanto mais a gente fizer o dever de casa, como por exemplo a reforma da Previdência — acrescentou.
Os componentes de inflação sujeitos à influência direta da taxa básica de juros estão “em torno da meta”; de acordo com o presidente do BC. Ele atribui à deflação dos preços de alimentos o eventual descumprimento da meta no ano passado.
— A parte que levou à inflação mais baixa (...) tem a ver com a parte que o Banco Central não tem controle direto, que é inflação de alimentos — explicou.
Para 2018, o ideal é se concentrar em componentes “mais estáveis”; para projetar o comportamento da inflação, afirmou Goldfajn. Ele ressalta que preços administrados como gasolina; botijão de gás e eletricidade possuem mais volatilidade por serem reajustados em linha com preços internacionais.
Combustíveis
Principal vetor de alta nos índices inflacionários, o preço o óleo diesel terá um aumento de 0,6%. Sobre o crescimento artificial da inflação, com a alta dos combustíveis; como forma de disfarçar a fraqueza evidente da economia, Goldfajn não tocou no assunto, durante a entrevista. Trata-se da primeira variação de preço dos dois combustíveis em 2018. A última oscilação ocorreu no sábado (30 de dezembro), quando a gasolina aumentou 1,9% e o diesel 0,4%.
As variações de preço fazem parte do modelo de reajustes frequentes praticados pela Petrobras; “em busca de convergência no curto prazo com a paridade do mercado internacional”, segundo a estatal.
“Analisamos nossa participação no mercado interno e avaliamos frequentemente se haverá manutenção, redução ou aumento nos preços praticados nas refinarias. Sendo assim, os ajustes nos preços podem ser realizados a qualquer momento, inclusive diariamente”, acrescenta a empresa.
O preço final ao consumidor, nas bombas, dependerá de cada empresa revendedora e dos próprios postos de combustíveis.