À beira do desespero, Bolsonaro teme ser preso junto com os filhos

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Publicado Terça, 02 de Agosto de 2022 às 13:07, por: CdB

Políticos e autoridades que não integram o governo, mas que conversaram nos últimos dias com Bolsonaro, têm dito que reagirá e que não será preso com facilidade. Ainda segundo esses interlocutores, o mandatário tem demonstrado nervosismo e repetido o discurso que fez no dia 7 de setembro do ano passado, na Avenida Paulista, em São Paulo.

Por Redação - de Brasília
Sem crescer nas pesquisas eleitorais e diante um volume avassalador de processos, no âmbito judicial, o presidente Jair Bolsonaro (PL) está cada vez mais inquieto e tem repetido a interlocutores, até entre integrantes do próprio governo, da certeza de que será alvo de inquéritos que teriam como objetivo levá-lo à prisão, caso perca as eleições, em outubro. Bolsonaro também acredita que seus filhos podem ser levados à cadeia, tão logo deixe a Presidência da República.
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Ao convocar “lunáticos e ingênuos” para o 7 de setembro, Bolsonaro faz um gesto de “desespero” com medo de ser preso
Tal cenário o estaria deixando “transtornado”, em alguns momentos, de acordo com informações obtidas pela colunista Mônica Bergamo, do diário conservador Folha de S.Paulo, conforme adiantou, na véspera, a reportagem na edição digital e impressa do Correio do Brasil. A colunista ouviu, na véspera, quatro relatos diferentes nos quais o assunto tem sido pautado com frequência, com variações apenas quanto ao tom do mandatário. Políticos e autoridades que não integram o governo, mas que conversaram nos últimos dias com Bolsonaro, têm dito que reagirá e que não será preso com facilidade. Ainda segundo esses interlocutores, o mandatário tem demonstrado nervosismo e repetido o discurso que fez no dia 7 de setembro do ano passado, na Avenida Paulista, em São Paulo.

Denúncias

No ato antidemocrático, em que atacou as instituições, Bolsonaro também afirmou que sairia do Palácio do Planalto “preso, morto ou com vitória”. A coluna apurou, ainda, que nas conversas em Brasília o presidente também vem dizendo, na mesma linha, que pode haver “morte” caso tentem prendê-lo. Dois ministros de seu governo confirmaram que Bolsonaro afirmou sobre a possibilidade de ser detido em mais de uma ocasião. Um de seus auxiliares descreveu que o presidente fala em perseguição e que “estão loucos” para prendê-lo. Mas ele não seria “ingênuo” como seus antecessores. Uma referência aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Michel Temer (MDB). Lula chegou a ficar 580 dias na prisão por um processo julgado posteriormente parcial e que anulou todas as acusações contra o petista. Já Temer, conduzido duas vezes às celas pela força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, foi solto em menos de 10 dias. O medo de Bolsonaro é composto pelas centenas de denúncias de que é alvo, principalmente por sua conduta durante a pandemia de covid-19 e os ataques ao sistema eleitoral. Caso seja derrotado e deixe a Presidência, o mandatário será julgado pela Justiça comum, o que eleva as possibilidades de responsabilização penal.

Senador vitalício

Essa hipótese explica em parte, como reporta a coluna, a intensidade dos ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Assim como a manobra de seus aliados no Congresso, que vêm articulando uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para impedir que ex-presidentes sejam presos, tornando-os senadores vitalícios. Bolsonaro estaria cada vez mais acuado, o que o leva a aumentar as reações antidemocráticas numa escala sem limite. A PEC tem sido usada por parlamentares do chamado ‘Centrão’ – grupo de partidos que apoia e sustenta o governo no Legislativo – para comprometer o presidente e seus apoiadores com uma trégua nos ataques ao judiciários. A ideia do grupo é forçar um acordo com os demais poderes. Totalmente apavorado diante da possibilidade real de ser preso, Bolsonaro (PL) chegou a cogitar uma suposta “conspiração em andamento” para prendê-lo. Sua reação caso a polícia batesse à sua porta para executar uma ordem de prisão, segundo um dos interlocutores do presidente em fim de mandato, seria atirar “para matar”. — Mas ninguém me leva preso. Prefiro morrer — resumiu o inquilino do Palácio do Planalto.
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