O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, disse na segunda-feira que não renunciou durante uma reunião com o presidente Carlo Azeglio Ciampi. A informação criou confusão no país sobre o desenlace da crise no governo.
Horas antes, aliados disseram que Berlusconi aceitou as exigências de um partido rebelde da coalizão para que realizasse profundas reformas no governo. O processo exigiria sua renúncia temporária antes da indicação do novo gabinete ao Parlamento.
Após se reunir com líderes da coalizão e supostamente acatar as exigências, Berlusconi se dirigiu ao gabinete de Ciampi, aparentemente para apresentar sua renúncia, como exige a Constituição nesses casos.
Mas, após uma hora de audiência, ele afirmou aos jornalistas que não renunciou e que não há acordo sobre a reformulação do governo. Esta é a pior crise nos quatro anos de governo de Berlusconi.
Falando rapidamente a jornalistas antes de se dirigir para outra reunião, com o presidente da Câmara, Pier Ferdinando Casini, Berlusconi parecia bem humorado.
– Surpresa? Desta vez fui eu quem os surpreendeu – disse ele.
Questionado sobre um possível acordo sobre a reforma ministerial, Berlusconi respondeu:
– Vamos ver como o Parlamento reage.
Em nota, Ciampi disse que Berlusconi deveria se manifestar ao Parlamento, mas não esclareceu detalhes da situação.
O governo está à beira do colapso desde sexta-feira, quando a União dos Democratas Cristãos (UDC) abandonou a coalizão, exigindo mudanças profundas depois da surra eleitoral sofrida pelos partidos de centro-direita nas recentes eleições regionais.
Ciampi aceitou a renúncia dos quatro ministros da UDC, mas Berlusconi deixou em aberto a possibilidade de que eles não sejam substituídos.
O primeiro-ministro afirmou na semana passada que iria convocar eleições antecipadas se a UDC não aceitar voltar ao governo. As eleições estão previstas apenas para 2006.
Berlusconi vê presidente, nega renúncia e confunde a Itália
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Publicado segunda-feira, 18 de abril de 2005 as 17:12, por: CdB