Bird vai repassar US$ 125 milhões para reconstrução de Angola

Angola receberá uma ajuda do Banco Mundial (Bird) no valor de 125 milhões de dólares, destinada à reconstrução do país, informou nesta sexta-feira em Luanda, o vice-ministro angolano do Planejamento, Severino de Morais.

A assistência do Bird será destinada a quatro projetos de reativação da economia de Angola, devastada pela guerra civil que castigou o país por 27 anos e terminou em abril de 2002, explicou Severino de Morais em uma entrevista coletiva após a reunião de trabalho com uma delegação do organismo financeiro mundial.

Gobind Nankani, vice-presidente do Departamento do Bird para a Administração Econômica e Redução da Pobreza, e chefe da missão para Angola, afirmou que as conversações se concentraram na maneira de utilizar os lucros da exploração de diamantes e petróleo para a reconstrução do Estado.

— Este país tem recursos, mas devem ser bem administrados, de modo que sirvam para combater a pobreza — insistiu Nankani.

Angola produz atualmente mais de um milhão de barris de petróleo por dia, mas o Estado não consegue alimentar mais do que um milhão dos 2,5 milhões de deslocados e vítimas do conflito. Para sobreviver, eles dependem diretamente da ajuda humanitária internacional.

O Programa Mundial de Alimentação (PMA) e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) informaram em julho passado que antes do final do ano Angola terá de importar 500.000 toneladas de cereais para enfrentar as necessidades alimentícias de seus “refugiados internos”.

A concessão de ajuda financeira internacional, solicitada pelo Governo angolano para conseguir atacar os vários problemas sociais e alimentícios deixados pela guerra civil, foi anunciada no momento em que se registram ataques armados no interior do país, especialmente nas estradas de acesso à capital angolana.

Desde o início deste mês, pelo menos nove pessoas morreram em assaltos cometidos por desconhecidos classificados com “bandidos uniformizados” nas proximidades de Alto Dundo, localidade da província de Cuanza Norte, 300 quilômetros ao leste de Luanda.

Na madrugada da última sexta-feira, 12 passageiros de um microônibus foram roubados por um grupo de assaltantes que levaram até suas roupas, nas proximidades de Dundo, disse a Rádio Comercial de Luanda (LAC).

As autoridades suspeitam que os bandidos sejam desertores do Exército, ou ex-membros do antigo movimento rebelde União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), que não foram reintegrados à vida civil ao término da guerra.

Cerca de 85 mil ex-guerrilheiros foram desmobilizados e amparados em centros de aquartelamento distribuídos por todo o país, nos quais até hoje milhares deles vivem com suas famílias. Muitos se retiraram, porém, em protesto pelas péssimas condições de alojamento, falta de comida e remédios.