Blecaute afetou 10 Estados e durou até 4 horas

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Publicado Segunda, 21 de Janeiro de 2002 às 21:39, por: CdB

Dez estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do País e o Distrito Federal ficaram às escuras nesta segunda-feira durante cerca de quatro horas devido a uma pane no sistema elétrico interligado Sudeste/Centro-Oeste. O Estado mais atingido foi São Paulo, que teve 84% de sua carga cortada. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a pane foi causada pelo rompimento de um cabo de transmissão de energia da Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE), que liga a usina de Ilha Solteira, no rio Paraná, a Araraquara. O acidente provocou o desligamento, por motivos de segurança, de 13 das 18 turbinas de Itaipu, responsável por 30% do fornecimento de energia do País. A paralisação da produção estendeu para todo o sistema interligado a suspensão do fornecimento. O ONS vai agora apurar o motivo do apagão ter se propagado por 10 Estados. De acordo com a empresa, o problema poderia ter ficado isolado ao sistema da EPTE, que interliga as usinas dos rios Paraná e Paranapanema aos centros de consumo em São Paulo. Mas, por alguma falha ainda desconhecida, outras regiões ficaram às escuras. O presidente do ONS, Mário Santos, fez questão de frisar que o blecaute não teve qualquer relação com o racionamento de energia elétrica. "O problema ocorreu às 13h43, uma hora em que o sistema está operando em carga média. Portanto, não houve sobrecarga do sistema", afirmou. Técnicos do sistema de geração, porém, acreditam que o sistema foi sobrecarregado pela concentração da produção de energia nas usinas do rio Paraná, que corta o Estado de São Paulo, cujos reservatórios não têm capacidade suficiente para armazenar a quantidade de chuva que caiu nos últimos meses. Mário Santos lembrou que o desligamento das turbinas de Itaipu não foi a causa do blecaute, mas conseqüência. Quando há uma falha na transmissão, a produção é automaticamente suspensa, já que, como a energia gerada não pode ser estocada, a manutenção da geração significaria desperdício de eletricidade. Também foram desligadas, por motivo de segurança, as duas usinas nucleares do complexo de Angra, que reforçam a produção de energia, especialmente para a região Sudeste. O apagão revelou que o sistema elétrico nacional "ainda está muito fragilizado", segundo avalia o engenheiro da Coordenação dos Programas de Pós-Gradução em Engenharia (Coppe) da UFRJ, Maurício Tolmasquim. Segundo ele, essa fragilidade faz com que "qualquer problema localizado tome proporções nacionais". A falta de investimentos em linhas de transmissão, avalia, faz com que ocorram efeitos em cascata, ou seja, problemas em determinada região vão sobrecarregando as linhas e desligando o sistema. "Além do racionamento, esse é mais um preço que o País está pagando pela falta de investimentos", disse. Firmino Sampaio - presidente da Eletrobrás durante seis anos - explicou que o racionamento, mesmo que não tenha sido a causa direta do blecaute, tem uma parcela de contribuição, na medida em que eleva a dependência do sistema em Itaipu. "Durante o dia, os Estados da Região Sudeste chegam a depender em 50% da eletricidade gerada em Itaipu. Qualquer deficiência em um equipamento importante da área de transmissão, como uma subestação, provoca um efeito em cascata de difícil controle pela operação", comentou. Esta foi a terceira grande pane no sistema nos últimos cinco anos. A primeira foi em abril de 1997, e a segunda, em março de 99. O presidente do ONS explicou que, desde 99, o sistema está passando por aperfeiçoamentos na tentativa de evitar o efeito cascata, que causa danos simultâneos em diversos Estados. "Mas como o sistema é interligado, estaremos sempre vulneráveis a este problema". O apagão teve início às 13h34 e somente às 17h30 todo o fornecimento foi restabelecido. O Estado do Mato Grosso perdeu 78% de seu abastecimento de eletricidade; Rio de Janeiro e Espírito Santo, 74%; Rio Grande do Sul, 25%; Paraná, 44%; Santa Catarina-Mato Grosso do Sul, 27%; e o sistema Goiás-Brasília, 27%. Es

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