Bolsonaro, cada vez mais isolado, pode ficar de fora da eleição

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Publicado Terça, 16 de Novembro de 2021 às 13:41, por: CdB

O programa marcado para anunciar a filiação de Bolsonaro ao Partido Liberal, que compõe o 'Centrão', estava marcado para o próximo dia 22. A suspensão do acordo, no entanto, ocorreu após uma troca de insultos entre Costa Neto e Bolsonaro, incluindo um “VTNC você e seus filhos”.

Por Redação, com RBA - de Brasília e São Paulo
Para o cientista político Paulo Níccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), a suspensão do ingresso de Jair Bolsonaro (sem partido) ao Partido Liberal (PL), ocorrido na semana passada, é um exemplo da falta de capacidade de qualquer tipo de união, por parte do mandatário. O fato pode até retirá-lo das eleições do ano que vem.
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Presidente diz que se perder o apoio popular "acabou"
— Ele tem até março do ano que vem para encontrar um partido, caso contrário não poderá participar das eleições. Isso cria um duplo cenário: ele pode atacar a democracia novamente ou não concorrer à eleição. Isso ilustra como Bolsonaro é uma figura patética, isolada e sem capacidade de unir partidos à sua volta. Diante disso, a gente pode ver Sergio Moro ser o candidato de segundo turno contra Lula — afirmou Ramirez à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA).

‘Centrão’

O programa marcado para anunciar a filiação de Bolsonaro ao Partido Liberal, que compõe o 'Centrão', estava marcado para o próximo dia 22. A suspensão do acordo, no entanto, ocorreu após uma troca de insultos entre Costa Neto e Bolsonaro, incluindo um “VTNC você e seus filhos”, escrito pelo líder do PL ao presidente da República. A conversa teria terminado dessa maneira após Costa Neto negar a proposta de Bolsonaro de colocar seu filho Eduardo Bolsonaro como responsável pela legenda em São Paulo. Para Paulo Níccoli, ao que tudo indica, o PL não será mais o partido de Bolsonaro em 2022. — Isso é reflexo de seus três anos de governo, marcados pelos desmandos, destruição da imagem do Brasil, 600 mil mortos na pandemia e ameaças contra a democracia. Portanto, os partidos não querem dar carta branca a Bolsonaro — afirmou o cientista político.

Desaprovação

Essa é a nona negociação de Bolsonaro com uma legenda, após a saída do PSL, em 2019. Na avaliação do especialista, é provável que o presidente da República feche com um partido pequeno para chegar à eleição. — Ele nunca foi um indivíduo de partido. Ele não tem um corpo técnico próprio, diferente de partidos organizados. Ele só é cercado de lunáticos e pessoas ignorantes, que têm como consequência o Brasil de hoje. Caso ele seja candidato, voltará a mostrar novamente a desorganização política e com indivíduos amadores — acrescentou. Fora de uma legenda política e com desaprovação acima dos 50%, conforme pesquisas oficiais, Bolsonaro também enfrenta uma debandada de aliados em Estados onde é rejeitado. Na Paraíba, o ex-prefeito de Campina Grande Romero Rodrigues (PSD) desistiu de concorrer ao governo estadual. Ele era o principal aliado de Bolsonaro no Estado, desde 2018.

Palanques

No Piauí, o senador licenciado Ciro Nogueira (PP), atual ministro da Casa Civil, também deixou de lado a ideia de disputar o governo estadual. Em estados do Nordeste, pré-candidatos com campo da centro-direita tentam se afastar de Bolsonaro para construir palanques mais amplos, caso de Ronaldo Caiado (DEM) em Goiás, ACM Neto (DEM) na Bahia e Miguel Coelho (DEM) em Pernambuco. Em Goiás, Caiado tem sinalizado que não apoiará Bolsonaro. — Desde o ano passado que Caiado vem se afastando do presidente. Fez críticas e até o chamou de ignorante, adotando medidas na contramão do que o presidente pregava na pandemia — avalia o deputado federal bolsonarista Major Vitor Hugo (PSL).

Republicanos

Na Bahia, ACM Neto levou para perto de si o PL, que deve abrigar Bolsonaro, mas também se aproxima do PDT de Ciro Gomes. Em Pernambuco, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), líder do governo Bolsonaro no Senado, tem se distanciado de Bolsonaro em suas articulações de pré-campanha a governador de Pernambuco. No Rio Grande do Norte, membros do Republicanos duvidam da candidatura ao governo do deputado federal Benes Leocádio, aliado de Bolsonaro, e estão dando preferência à reeleição da governadora petista Fátima Bezerra.
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