Bolsonaro destrói TV Escola e ataca memória do educador Paulo Freire

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Publicado Segunda, 16 de Dezembro de 2019 às 12:32, por: CdB

"Você conhece a programação da TV Escola? Deseduca”, afirma o presidente Bolsonaro, depois de chamar o educador Paulo Freire de ‘energúmeno’.

 
Por Redação - de Brasília
  O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cancelou o contrato do Ministério da Educação com a TV Escola, nesta segunda-feira, e atacou a memória do educador Paulo Freire, patrono da Educação brasileira. Os programas transmitidos pelo canal, diz ele, eram todos de esquerda e seguindo os pensamentos do educador Paulo Freire, a quem se referiu como “energúmeno".
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As dependências da TV Escola, no MEC, foram desmanteladas após uma ordem de despejo do ministro da Educação, Weintraub, nesta segunda-feira
— Você conhece a programação da TV Escola? Deseduca. Por que a educação do Brasil está lá embaixo? Por causa dessas programações. Agora o pessoal está criticando. Esse tipo de cultura é para acabar mesmo. Queriam renovar o contrato... R$ 350 milhões iam ser jogados no lixo — afirmou Bolsonaro, ao sair do Palácio da Alvorada, nesta manhã.

Despejo

O assunto do cancelamento do contrato veio à tona após ser questionado por uma apoiadora que o aguardava na porta do Alvorada. — E outra, era uma programação totalmente de esquerda. Ideologia de gênero. Tem que mudar. Daqui 5, 10 anos vai ter reflexo disso aí. 30 anos em cima dessa ideologia ai desse Paulo Freire, desse energúmeno aí que foi ídolo da esquerda — afirmou. Por determinação de Bolsonaro, o governo federal não renovau o contrato de gestão com a Associação Roquette Pinto, que gerencia a TV Escola, o que significou o desmantelamento completo da instituição. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, determinou um despejo da TV Escola das dependências do Ministério da Educação (MEC), o que ocorreu ao longo do dia.

Surdos

A diretoria da Associação Roquette Pinto avalia que a atitude do governo é uma retaliação porque as indicações do governo não foram acolhidas. Ao longo da semana, a emissora passou a transmitir uma série sobre a história do Brasil com visão revisionista, ideológica de direita e conservadora, com entrevistas do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo. — Queriam que eu assinasse o contrato, o Abraham Weintraub, de R$ 350 milhões. Quem assiste a TV Escola? Ninguém assiste, dinheiro jogado fora — disse Bolsonaro. O presidente disse que o dinheiro poderia ser usado para outros programas e citou um canal  chamado Iris, voltado para surdos. — Não é porque a primeira-dama trabalhava com isso. Eu estou tentando melhorar um pouquinho essa parte. Eu acho que são 5 milhões de pessoas com problemas auditivos e de fala. Isso da 2,5% da população.Vamos passar de 1% para 2,5% — continuou.

Pisa

O presidente associou a TV Escola a indicadores de educação do Brasil e citou resultado de 2018 do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês). O programa avalia o conhecimento em leitura, matemática e ciência de estudantes de 15 anos, em 79 países. Os dados de 2018, divulgados na semana passada, mostram uma estagnação no desempenho do Brasil por quase uma década. Apesar do resultado ruim, a previsão do ministro Weintraub, de que o país ficaria em último lugar entre os da América do Sul acabou por não se concretizar. Ao fazer a afirmação há duas semanas, ele não deixou claro se estava adiantando os resultados. — Estou supondo com base em números robustos — disse. Com exceção do ranking de ciências, em que aparece empatado com Argentina e Peru, o Brasil está ligeiramente à frente da Argentina em matemática e de Argentina, Colômbia e Peru em leitura.
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