Bolsonaro dobra aposta em um golpe de Estado nas eleições

Arquivado em:
Publicado Terça, 17 de Maio de 2022 às 11:55, por: CdB

"Nós, pessoas de bem, civis e militares, precisamos de todos para garantir a nossa liberdade. Porque os marginais do passado usam, hoje, de outras armas, também em gabinetes com ar-condicionado, visando roubar a nossa liberdade", disse Bolsonaro, ao defender o armamento da população civil.

Por Redação, com agências de notícias - de Propriá (SE)
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), dobrou a aposta na defesa do uso de armas de fogo por civis e a fazer ameaças contra as instituições a ao sistema eleitoral sob a alegação de que a democracia corre risco no Brasil. 
bolso-propria.jpg
Depois de discursar contra o sistema democrático brasileiro, Bolsonaro participa de um churrasco em Propriá (SE)
— Não interessam os meios que, por ventura, um dia tenhamos que usar. A nossa democracia e a nossa liberdade são inegociáveis. Defendemos o armamento para o cidadão de bem porque entendemos que arma de fogo, além de uma segurança pessoal para as famílias, também é a segurança para nossa soberania nacional e, a garantia de que a nossa democracia será preservada — disse Bolsonaro nesta terça-feira, durante um evento oficial em Propriá (SE). Na semana passada, Bolsonaro atacou o Judiciário ao afirmar que “marginais em gabinetes (que) querem roubar a liberdade da população”. — Nós, pessoas de bem, civis e militares, precisamos de todos para garantir a nossa liberdade. Porque os marginais do passado usam, hoje, de outras armas, também em gabinetes com ar-condicionado, visando roubar a nossa liberdade — disse, em referência às decisões do Supremo Tribunal Federal que vão de encontro à ideologia da extrema direita defendida por ele e seus apoiadores.

Ameaça

As declarações do mandatário neofascista, depois do impacto nas instituições democráticas, também geram um ambiente de medo junto aos mesários convocados para as eleições de outubro deste ano. Diante das investidas de Bolsonaro e de seus aliados contra o sistema eleitoral, uma pesquisa divulgada nesta terça-feira pelo diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), mostra que 30% dos eleitores convocados para trabalhar como mesários na eleição temem sofrer ataques e 70% acham que o TSE deveria adotar medidas de segurança adicionais este ano. Entre aqueles que veem necessidade para mais medidas de segurança, 75% acreditam que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deveria providenciar maior policiamento ou seguranças particulares, e 5%, mais fiscais. O Instituto Ideia ouviu 651 mesários, que foram entrevistados de 28 de abril a 5 de maio — a margem de erro da pesquisa é de 2,85 pontos percentuais, para mais ou para menos. Segundo o TSE, em 2018, na última eleição presidencial, 2,1 milhões de eleitores trabalharam como mesários.

Assédio

Nos Estados Unidos, onde o então presidente Donald Trump passou meses em 2020 questionando o sistema eleitoral, houve inúmeros ataques contra pessoas que trabalharam nas seções eleitorais, com doxxing (exposição de dados pessoais) e confrontos físicos. Em Estados norte-americanos como Oregon, Califórnia, Maine, Minnesota e Washington, foram propostas leis que aumentam penas para quem agredir ou ameaçar pessoas que trabalham nas eleições e permitem que esses funcionários ocultem suas informações pessoais dos registros públicos, para evitar assédio. Entre os entrevistados da pesquisa brasileira que trabalharam em eleições passadas, apenas 22% disseram ter tido algum tipo de problema. Dos que tiveram, 34% citaram confrontações verbais (xingamentos, acusações), 32%, hostilidade, 22%, ameaças, 21%, exposição de dados pessoais e 19%, ataques físicos. Apesar de uma minoria relatar problemas passados, 30% temem sofrer ataques, e 62% não (8% não sabem). Dos que se preocupam com ataques este ano, 58% temem ameaças, 55% esperam ataques físicos, 52%, confrontações verbais, 47%, hostilidade e 36%, ataques com armas. — A eleição costuma refletir o sentimento da campanha. Campanhas tensas se traduzem em processos eleitorais tensos. Se o período eleitoral elevar muito o calor da disputa, esse temor pode aumentar — resumiu Maurício Moura, fundador do Instituto Ideia e professor da Universidade George Washington.
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo